A Ubisoft decidiu frear o ritmo e rever suas prioridades. Em vez de abrir o novo ano fiscal com grandes lançamentos, a empresa francesa optou por segurar o lançamento de algumas de suas principais franquias. Embora os detalhes ainda sejam escassos — sem trailers, nomes oficiais ou datas — tudo indica que o adiamento atinge pesos-pesados como Assassin’s Creed, Far Cry 7, Rainbow Six, The Division e Ghost Recon, os pilares do catálogo da empresa.
O caso de Assassin’s Creed Shadows, que já havia sido discretamente postergado em fases finais de desenvolvimento, agora parece parte de uma nova diretriz interna: priorizar a qualidade em vez da velocidade. Segundo o CEO Yves Guillemot, a decisão é “positiva a longo prazo”. Para os fãs, no entanto, resta apenas torcer para que a espera, que pode durar até dois ou três anos, realmente compense.
Grandes apostas, longos atrasos
Quem aguardava por novos mundos da Ubisoft entre 2025 e 2026 pode ter que ajustar as expectativas. Alguns projetos só devem chegar ao mercado no final do ano fiscal de 2027 — ou ainda mais tarde, em 2028. Trata-se de um intervalo considerável, especialmente em um setor em constante transformação. A Ubisoft, porém, enxerga isso como um reposicionamento estratégico: mais tempo de produção significa, na teoria, produtos mais refinados e bem-sucedidos.
Com isso, o calendário de lançamentos para o ano ficou enxuto. Entre os poucos títulos confirmados estão Anno 117, o remake de Prince of Persia, Rainbow Six Mobile e o eternamente adiado The Division: Resurgence. Já Beyond Good & Evil 2, mais uma vez, sequer foi mencionado — um sinal preocupante sobre o futuro do projeto.
Assassin’s Creed segue como a principal aposta
Apesar das incertezas, a franquia Assassin’s Creed continua sendo o carro-chefe da Ubisoft. O estúdio registrou 160 milhões de horas jogadas em Assassin’s Creed Shadows, ainda que não tenha revelado números exatos de jogadores ou dados detalhados de engajamento. A estimativa é de 30 milhões de usuários únicos anuais na franquia, mostrando que a série ainda tem forte apelo — mesmo que esteja, atualmente, em um ritmo mais lento.
Parceria com a Tencent e reestruturação global
Nos bastidores, a Ubisoft também vem passando por uma reestruturação significativa. Desde 2022, cerca de 3.000 funcionários foram desligados e a companhia já economizou 200 milhões de euros em custos fixos, com uma meta de cortar mais 100 milhões no futuro. Uma nova parceria com a gigante chinesa Tencent está em andamento, com foco em três frentes: narrativas single-player, experiências como serviço e expansão para o mercado asiático.
No papel, a estratégia parece alinhada com os discursos de outras grandes editoras, mas ainda carece de resultados concretos. A Ubisoft agora caminha entre o desejo de inovar e a necessidade de manter-se segura — e precisa encontrar o equilíbrio antes que os concorrentes a deixem para trás. Afinal, o mercado não costuma esperar — muito menos por quem adia mais do que entrega.