Diretor de Revenge of the Savage Planet critica impacto do Game Pass nas vendas do jogo

Diretor de Revenge of the Savage Planet critica impacto do Game Pass nas vendas do jogo

Alex Hutchinson afirma que modelo de assinatura prejudicou a monetização e alerta para riscos à sustentabilidade dos estúdios


O diretor criativo Alex Hutchinson, responsável por Revenge of the Savage Planet, revelou que o sucesso do jogo em número de jogadores não se refletiu em resultados financeiros. Em entrevista à publicação FRVR, o desenvolvedor criticou o impacto dos serviços de assinatura, como o Game Pass, afirmando que a ampla disponibilidade do título acabou prejudicando suas vendas e dificultando a monetização do conteúdo adicional. Segundo Hutchinson, o jogo ultrapassou a marca de um milhão de jogadores através do Game Pass, mas a alta exposição não se traduziu em lucro.

“Tivemos milhões de jogadores e isso é ótimo, mas as pessoas têm uma expectativa de conseguir as coisas de graça hoje em dia (seja através do Game Pass ou outros meios) e isso não monetizou tão bem quanto gostaríamos, o que é bastante perigoso”, declarou.

O desenvolvedor destacou que a taxa de conversão para a expansão paga Cosmic Hoarder, vendida por US$ 10, foi extremamente baixa entre os assinantes.

“A taxa de adesão para a expansão tem sido simplesmente terrível. O que isso mostra é que, se você dá coisas de graça, o que você fez foi dizer às pessoas para não pagarem por elas”, afirmou.

Assinantes não compram expansões

Hutchinson explicou que o comportamento do público varia drasticamente conforme a forma de aquisição do jogo.

“As pessoas que pagaram pelo jogo principal compram a expansão, e as pessoas que não pagaram pelo jogo principal não pagam por nada”, disse.

Para ele, esse padrão representa uma limitação do modelo de assinatura, que pode reduzir o incentivo à compra de conteúdos adicionais, mesmo entre jogadores engajados. O criador de Revenge of the Savage Planet vê o fenômeno como parte de uma mudança estrutural preocupante no mercado de games. Ele argumenta que a combinação de serviços de assinatura, retrocompatibilidade, jogos gratuitos e descontos constantes cria um ambiente no qual o público passa a valorizar menos o pagamento direto por novos títulos.

“Acho que é existencialmente perigoso para muitos desenvolvedores”, alertou. “Nos velhos tempos, havia um salto tecnológico ou visual tão grande entre gerações de consoles (e você não podia jogar seus jogos antigos no novo hardware) então as pessoas gastavam um pouco mais em novos jogos. Agora, com a retrocompatibilidade, serviços de assinatura, brindes e o catálogo antigo sempre presente na Steam, é uma era de ouro em volume e qualidade, mas é muito difícil se destacar.”

O dilema dos serviços de assinatura

A fala de Hutchinson reflete um debate crescente dentro da indústria. Enquanto plataformas como o Game Pass e o PlayStation Plus ampliam o alcance de títulos independentes e aumentam a visibilidade de jogos menores, desenvolvedores vêm relatando dificuldades em converter popularidade em receita direta. No caso de Revenge of the Savage Planet, o sucesso em número de jogadores foi inegável, mas serviu também como alerta para os riscos de um modelo que, embora impulsione o alcance, pode comprometer a sustentabilidade financeira de estúdios que dependem das vendas para continuar produzindo.

Fonte: PC Gamer