Introdução
Ninja Gaiden 4 chega em outubro de 2025 como um retorno triunfal à franquia 3D que definiu os anos 2000 com sua dificuldade implacável e combates intensos. Desenvolvido pela Team Ninja em parceria com a PlatinumGames, o título mescla o estilo clássico de ninjas brutais com acrobacias frenéticas e elementos acrobáticos já icônicos da série. No controle de Yakumo, um novo herói do Clã do Corvo, o jogador embarca em uma missão para derrotar o Dragão Celestial, que corrompeu e devastou o mundo de Tokoyo com criaturas malignas. Capítulos dedicados ao lendário Ryu Hayabusa também nos transportam de volta ao passado glorioso da franquia.
Com promessas de lutas viciantes e um revival da essência masoquista da série, Ninja Gaiden 4 gera expectativas altíssimas. Nesta análise, destrinchamos o que brilha e o que poderia ter sido mais afiado.

História
A narrativa se inicia logo após a derrota do Dark Dragon nos jogos anteriores, com sua influência persistente pairando sobre Tóquio na forma de uma “casca” flutuante que libera uma chuva amaldiçoada, transformando a cidade em um terreno fértil para demônios e corrupção. A Divine Dragon Order (D.D.O.), uma força militar autoritária, luta para conter a infestação e impor ordem ao caos.
Yakumo, do Clã Raven, surge com uma missão direta: eliminar Seori, uma sacerdotisa ligada ao Dark Dragon. No entanto, ela o convence de que destruir o mal pode não ser suficiente – talvez seja necessário revivê-lo e purificá-lo para erradicar a raiz do problema. Essa reviravolta cria um gancho intrigante, entrelaçando o legado sombrio da franquia com dilemas morais profundos. Infelizmente, o restante da trama patina: fora do trio principal (Yakumo, Seori e Ryu), os personagens secundários carecem de carisma e relevância, e até participações especiais parecem apagadas e subaproveitadas.
Isso transmite uma sensação de esquecimento, com backgrounds genéricos que poderiam ter sido mais explorados para enriquecer o universo e evitar uma narrativa que se sente superficial.

Gameplay
O combate é o coração pulsante do jogo e redime boa parte das falhas. Fluido e veloz, ele combina combos suaves de socos e chutes com corridas em paredes e defesas precisas – nada de spam de botões; cada ação exige timing impecável, sob pena de punição imediata. A PlatinumGames injeta acrobacias estilizadas e frenéticas, enquanto a Team Ninja preserva a violência gráfica clássica. Seja enfrentando hordas de inimigos ou chefes que disparam balas incessantes, o sistema testa todos os reflexos.
A troca rápida de armas via D-pad e o desbloqueio de novos ataques incentivam a criação de sequências personalizadas, ampliando a liberdade criativa. O modo Bloodraven, com seu equilíbrio de risco e recompensa, eleva o jogador a uma máquina de extermínio temporária, viciante e recompensador.
No entanto, há tropeços que frustram ao longo das horas. Os padrões de inimigos se repetem após poucos capítulos, minando a variedade. O feedback de dano apresenta um atraso perceptível – a vida drena sem indício claro da origem, uma novidade irritante para a série. Na dificuldade Master Ninja, a câmera descontrolada e as dicas visuais insuficientes geram uma sensação de injustiça, transformando desafios em frustração arbitrária.
O sistema de upgrades, por sua vez, é simplificado demais: limitado a desbloqueios de ataques e slots para amuletos, ele ignora a evolução de status das armas vista em títulos anteriores. Ali, aprimorávamos dano e habilidades, beneficiando tanto casuais (com mais poder bruto) quanto hardcores (que masterizavam combos para maximizar o potencial).
Em Ninja Gaiden 4, o dano base é fixo, e a progressão vem só de novas opções de ataque – o que empodera hardcores focados em precisão, mas oferece pouco impacto para casuais que buscam uma curva de poder mais acessível.

Desempenho e Acessibilidade
Testei o jogo no PS5 Pro com o modo 120 fps ativado, resultando em uma experiência imersiva e sem engasgos. Não registrei bugs ou travamentos, o que reforça a solidez técnica do título. Em termos de desempenho por plataforma, o Xbox Series X e o PS5 base oferecem uma performance sólida no modo 1080p a 60 fps, que se mantém estável na maioria das cenas, embora haja quedas notáveis em combates intensos – o Series X lida um pouco melhor com isso graças ao seu hardware mais robusto.
O modo 120 fps, por outro lado, rebaixa a resolução para 720p e desabilita efeitos como reflexos e borrão de movimento, priorizando fluidez em detrimento da qualidade visual.
O PS5 Pro se destaca como a versão premium, rodando no modo performance a cerca de 1440p a 60 fps com suporte ao PSSR para upscaling, e compatível com VRR para alcançar até 120 fps em cenas menos exigentes. É inquestionavelmente a melhor opção, com imagens nítidas e sem quedas perceptíveis mesmo nas batalhas mais caóticas, proporcionando uma fidelidade visual superior sem compromissos.
Já o Xbox Series S entrega uma experiência jogável no modo 720p a 60 fps, mas com texturas borradas, qualidade de efeitos reduzida ao mínimo e uma sensação geral de jogo de geração anterior, reminiscentemente de um título de PS3.
O modo qualidade, quando ativado, torna-se instável, caindo abaixo de 30 fps em momentos de pico, o que o torna pouco recomendável para quem prioriza fidelidade visual ou performance consistente.
No PC, a otimização é exemplar, especialmente em hardware high-end, onde o jogo roda suavemente em resoluções até 5K com altas taxas de quadros, aproveitando tecnologias como DLSS e FSR para escalonamento dinâmico e qualidade superior às consoles.
Há suporte nativo a monitores ultrawide e HDR com picos de até 1.000 nits, embora o Xbox apresente problemas no HDR, resultando em imagens que parecem SDR. No Steam Deck, configurações médias garantem 30 fps consistentes, tornando-o viável para jogatina portátil sem grandes sacrifícios.

Conclusão
Ninja Gaiden 4 é um retorno ambivalente à glória hardcore da franquia: o combate brutal e viciante, aliado à performance técnica impecável em plataformas modernas, captura a essência masoquista que definiu a série, entregando rushes de adrenalina que justificam cada morte e resgatam o legado de Ryu Hayabusa.
No entanto, a história superficial – com personagens secundários subdesenvolvidos e dilemas morais que prometem mais do que entregam –, somada à repetição de inimigos, câmera problemática e um sistema de upgrades que abandona a progressão equilibrada de títulos passados, sabotam o potencial de um revival completo. Esses tropeços criam uma experiência dividida, onde a inovação da PlatinumGames brilha em mecânicas, mas falha em variedade e acessibilidade para além dos hardcores.
Para fãs leais, é imperdível: o frenesi das lutas e o polimento técnico compensam as frustrações, marcando 2025 como um ano de renascimento parcial. Para novatos, o salto de dificuldade pode ser intimidante, apesar das opções de acessibilidade. Não é o retorno perfeito que a franquia merecia – ignora lições valiosas como exploração livre e trocas de heróis –, mas representa o melhor da série em anos, com um potencial imenso se futuras iterações abraçarem mais fielmente o legado.