Diretor da Sucker Punch fala sobre a despedida de Jin Sakai, os riscos criativos e a nova abordagem narrativa de Ghost of Yotei
O aguardado Ghost of Yotei, novo grande projeto da Sucker Punch, chegou nesta semana com exclusividade ao PS5. Situado 300 anos após os eventos de Ghost of Tsushima, o jogo apresenta uma nova protagonista: Atsu, um mercenária solitário que embarca em uma jornada de vingança.
Em entrevista ao Video Games Chronicle, o diretor e cofundador do estúdio, Brian Fleming, falou sobre o desenvolvimento da sequência, a difícil despedida de Jin Sakai e da ilha de Tsushima, além dos desafios criativos enfrentados pela equipe ao construir algo novo para a franquia.
Uma despedida emocional
Fleming destacou que a conexão do estúdio com a ilha de Tsushima foi profunda, fruto de anos de pesquisa e visitas à região durante o desenvolvimento do jogo original, que vendeu mais de 13 milhões de cópias no mundo todo.
“Foi difícil dizer adeus a Tsushima. Mas foi ainda mais difícil nos despedirmos de Daisuke Tsuji, que deu vida a Jin Sakai. Ele foi essencial para tudo que criamos, e pessoalmente foi um adeus doloroso”, comentou Fleming.
Segundo ele, a decisão de deixar Jin para trás foi motivada pelo desejo de contar uma história totalmente nova, capaz de ser apreciada até mesmo por quem não jogou o primeiro título.
“Queríamos que Ghost of Yotei fosse uma experiência independente, que todos pudessem vivenciar sem se sentir perdidos na trama anterior. Sei que isso desapontou muitos fãs do Jin, mas acreditamos muito no poder das histórias de origem e queríamos explorar um novo período histórico, diferente de apenas revisitar uma segunda invasão da ilha”, explicou.
Liberdade criativa e novos desafios
Embora Yotei mantenha a essência que consagrou seu antecessor, a Sucker Punch decidiu inovar na estrutura narrativa e na forma como os jogadores exploram o mundo.
Desta vez, é possível abordar os objetivos principais em ordens diferentes, enquanto as missões secundárias são integradas à narrativa de maneira mais cinematográfica. Essa maior liberdade trouxe novos desafios criativos para a equipe, que teve de repensar a forma de contar histórias dentro de um jogo de mundo aberto.
“Foi a maior dificuldade que enfrentamos: encontrar o equilíbrio entre manter a identidade da série e oferecer algo fresco. Queríamos que o jogador sentisse que está vivendo a jornada de Atsu de maneira mais orgânica”, revelou Fleming.
A filosofia da Sucker Punch
Além de comentar sobre o novo jogo, Fleming compartilhou um pouco da filosofia do estúdio. Para ele, a longevidade da equipe é um dos maiores diferenciais da Sucker Punch.
Desde os tempos de Sly Cooper, o estúdio optou por permanecer relativamente pequeno, evitando crescer de forma descontrolada. Com o tempo, criou-se uma estrutura de gestão que permitiu reter talentos veteranos, algo que Fleming acredita ter sido crucial para o sucesso do estúdio.
“Mesmo agora, com todos os avanços, mantemos a mentalidade de uma equipe compacta para preservar a cultura que construímos ao longo dos anos”, concluiu.
A despedida de Jin Sakai marcou o fim de uma era para a Sucker Punch, mas também abriu caminho para uma nova fase criativa. Ghost of Yotei demonstra a coragem do estúdio em se reinventar, oferecendo uma narrativa fresca e mecânicas que ampliam a liberdade do jogador. Ao equilibrar inovação com a herança deixada por Ghost of Tsushima, a Sucker Punch prova que é possível honrar o passado enquanto se constrói um futuro ousado para a franquia.
Fonte: Video Games Chronicle