Review – Dying Light: The Beast

Review – Dying Light: The Beast

A Techland retorna mais uma vez ao universo de Dying Light, desta vez trazendo The Beast, uma experiência que mistura a essência clássica da franquia com uma ousadia monstruosa. Depois de tantas horas vividas nesse mundo aberto infestado de zumbis, posso afirmar: esta série continua a ser o melhor exemplo de como criar um sandbox de sobrevivência no gênero.


Um protagonista marcante

A maior surpresa para mim foi o quanto Kyle Crane se mantém um personagem extremamente bem construído. Sua transformação em meio-humano, meio-besta, além de dar um impacto visual e de jogabilidade, reforça ainda mais sua jornada pessoal. Crane já era um dos protagonistas mais lembrados do gênero e, em The Beast, ele ganha contornos ainda mais interessantes – uma mistura de vulnerabilidade humana com um poder grotesco que o jogador sente nas mãos a cada combate.

O melhor mundo aberto de zumbis

Sempre defendi que Dying Light oferece o melhor mundo aberto de zumbis dos videogames, e The Beast só reforça essa opinião. O novo cenário de Castor Woods consegue equilibrar áreas urbanas cheias de oportunidades para o parkour com regiões rurais abertas, lembrando o melhor da expansão The Following. A verticalidade continua sendo um ponto altíssimo: saltar entre telhados para escapar das hordas ainda é uma das experiências mais eletrizantes que o gênero pode oferecer.

As noites seguem aterrorizantes, com Voláteis à espreita, e o ciclo dia/noite mantém aquele peso que só Dying Light consegue transmitir. O simples fato de colocar o pé na rua quando o sol se põe ainda causa calafrios.


Novidades na jogabilidade

A grande inovação de The Beast está no sistema de habilidades monstruosas, que transformam Crane em uma verdadeira arma biológica. Ombreadas brutais, gritos ensurdecedores que afetam inimigos e a possibilidade de aniquilar grupos inteiros de zumbis apenas com as mãos trazem uma nova camada de intensidade. É um tempero que mantém a fórmula fresca, mesmo que o núcleo da jogabilidade ainda seja o bom e velho parkour com combate corpo a corpo visceral.

As lutas contra novos infectados especiais e chefes que desbloqueiam poderes são destaques à parte, entregando momentos intensos e desafiadores. Mesmo quando algumas variações de inimigos se repetem, o impacto da primeira vez que se enfrenta cada um deles permanece marcante.


Uma história mais densa e cativante

Embora a base da trama seja uma vingança contra o vilão Baron e suas experiências, The Beast vai além. Os side quests são um dos pontos mais fortes do jogo, explorando temas como culpa, despedidas, traumas e até mesmo jornadas psicodélicas pelo passado de Crane. Missões secundárias que poderiam ser meramente opcionais acabam se tornando essenciais para entender o peso do mundo e dos sobreviventes que habitam Castor Woods.

A campanha principal, com cerca de 20 missões, mantém um ritmo excelente, evitando o inchaço que prejudicou Dying Light 2. Cada missão traz significado, e a progressão de nível é bem balanceada, permitindo alcançar o máximo sem a necessidade de grind excessivo.


Trilha sonora e atmosfera

Se a jogabilidade de The Beast já coloca o coração a mil, o áudio é o responsável por transformá-la em uma experiência verdadeiramente aterrorizante. A trilha assinada por Olivier Derivière é um dos pontos altos do jogo: o compositor reinventou o tema clássico da franquia, deixando de lado o tom setentista inspirado em Dawn of the Dead e trazendo uma pegada mais sombria, moderna e inquietante, que lembra 28 Days Later. O resultado é uma trilha sonora que se afasta da ação pura para abraçar de vez o horror.

Essa sensação é reforçada pelo design de som impecável. Cada grunhido no escuro, cada passo dos Voláteis correndo atrás de você, o barulho do vento atravessando as florestas e até o estalo de um galho à distância contribuem para a tensão constante. Durante a noite, o trabalho sonoro é capaz de transformar uma simples fuga em uma experiência desesperadora, em que a música acelera junto com a batida do seu coração.

Com essa combinação de trilha e ambientação sonora, Dying Light: The Beast se consolida como a entrada mais atmosférica e assustadora da série, provando que o som é tão importante quanto a jogabilidade para sustentar o peso do apocalipse.


Técnica e ambientação

Visualmente, The Beast impressiona. Desde pores-do-sol sobre as montanhas nevadas até cavernas pulsantes de carne e sangue, o jogo é uma demonstração do talento artístico da Techland. O modo foto, com câmera livre, permite capturar toda essa brutalidade e beleza em detalhes chocantes.

O parkour está mais fluido do que nunca, embora o uso do gancho seja um ponto polêmico – funcional como ferramenta de movimentação, mas exigindo um nível de precisão que pode frustrar. Ainda assim, a liberdade de exploração e a interação com o ambiente continuam sendo diferenciais marcantes da franquia.


Conclusão

Dying Light: The Beast pode não reinventar totalmente a roda, mas entrega exatamente o que os fãs esperam: uma mistura de ação frenética, terror noturno, exploração vertical e personagens que cativam. Kyle Crane segue como um dos grandes nomes do gênero, e Castor Woods é um cenário que, apesar de compacto, está repleto de memórias prontas para serem vividas.

Para mim, Dying Light continua sendo o melhor mundo aberto de zumbis que já joguei – e The Beast só reforça esse título.


Agradeço à Techland e Theogames pela key e pela oportunidade de mergulhar nesse universo mais uma vez.


 

Dying Light: The Beast

Dying Light: The Beast pode não reinventar totalmente a roda, mas entrega exatamente o que os fãs esperam: uma mistura de ação frenética, terror noturno, exploração vertical e personagens que cativam. Kyle Crane segue como um dos grandes nomes do gênero, e Castor Woods é um cenário que, apesar de compacto, está repleto de memórias prontas para serem vividas.
8
Bom