Com a chegada da atual geração de consoles, o mercado de games passou por uma mudança significativa em sua política de preços. Após anos de estabilidade, o valor base de grandes lançamentos subiu para US$ 70 – e, mais recentemente, algumas empresas passaram a adotar o patamar de US$ 80, gerando debates acalorados entre consumidores e profissionais da indústria.
A mudança, que ocorre em um cenário de inflação global e aumento dos custos de desenvolvimento, tem sido alvo de críticas, especialmente por parte dos jogadores que veem no reajuste um obstáculo ao acesso mais amplo aos jogos AAA. No entanto, para Shuhei Yoshida, ex-presidente da Sony Interactive Entertainment Worldwide Studios e uma das vozes mais respeitadas do setor, o novo patamar pode ser justificado — desde que haja qualidade.
Jogos excelentes ainda são uma pechincha
Durante uma entrevista recente, Yoshida defendeu o valor cobrado por grandes títulos, afirmando que jogos de alta qualidade continuam oferecendo uma das melhores relações custo-benefício entre as formas de entretenimento disponíveis.
“Em termos de preço, US$ 70 ou US$ 80, para jogos realmente ótimos, acho que ainda será uma pechincha em termos da quantidade de entretenimento que os melhores jogos proporcionam às pessoas, em comparação com outras formas de entretenimento”, afirmou o executivo.
“Desde que as pessoas escolham cuidadosamente como gastam seu dinheiro, não acho que deveriam reclamar.”
Yoshida argumenta que, em comparação com ingressos de cinema, assinaturas de streaming ou eventos ao vivo, os jogos oferecem dezenas — às vezes centenas — de horas de diversão, justificando o investimento mais alto.
Modelo flexível: cada jogo, um preço
Para além da defesa dos preços elevados em jogos AAA, Yoshida também destacou que nem todo título precisa seguir esse mesmo padrão de precificação. Segundo ele, o mercado deve continuar permitindo uma abordagem flexível, com os valores variando conforme o escopo, orçamento e ambição do projeto.
“Não acredito que todos os jogos precisem ter o mesmo preço. Cada jogo tem um valor diferente, ou o tamanho do orçamento. Acredito plenamente que cabe à editora – ou aos desenvolvedores que se autopublicam – a decisão de precificar seu produto de acordo com o valor que acreditam estar gerando.”
A fala reforça uma tendência observada nos últimos anos, com estúdios independentes e AA adotando faixas de preço mais acessíveis, enquanto grandes produções apostam em valores mais altos para cobrir investimentos milionários.
Debate segue em alta na indústria
A discussão sobre preços continua dividindo opiniões entre os consumidores e dentro da própria indústria. De um lado, há quem veja os aumentos como inevitáveis diante da complexidade e dos custos crescentes do desenvolvimento moderno. Do outro, há uma parcela que defende modelos alternativos, como jogos por assinatura, lançamentos escalonados e até experiências mais curtas a preços reduzidos.
A visão de Shuhei Yoshida se soma a esse debate como uma defesa do valor percebido — não apenas em termos financeiros, mas também na qualidade da experiência entregue. Em um mercado cada vez mais exigente, a discussão sobre quanto vale um jogo está longe de terminar.
Fonte: GamesRadar+