Review — DOOM: The Dark Ages | Uma nova era brutal para o Slayer

Review — DOOM: The Dark Ages | Uma nova era brutal para o Slayer

DOOM: The Dark Ages chega com a missão ousada de fechar uma trilogia lendária e, ao mesmo tempo, reescrever parte do passado do Doom Slayer. E como todo bom capítulo final — ou neste caso, inicial — ele desafia expectativas e reinventa a fórmula com coragem.

Desta vez, a id Software deixou de lado o ritmo frenético de DOOM Eternal e trouxe um combate mais cadenciado, visceral e estratégico. Mas não se engane: o Slayer continua sendo uma força imparável. Só que agora, ele também carrega um escudo.


Entre espadas e demônios: uma prequel que expande a mitologia

Ambientado antes dos eventos de DOOM (2016), o jogo preenche a lacuna entre DOOM 64 e o reboot moderno, revelando o período em que o Slayer lutava ao lado dos Cavaleiros da Noite.

A história é contada de forma cinematográfica, com cutscenes antes e depois das 22 missões da campanha. Apesar de alguns personagens como o Rei Novik e sua filha Thira darem um tempero à trama, o foco continua sendo o próprio Slayer — agora visto como uma figura quase divina. Os demônios o temem, os humanos o reverenciam, e cabe a você conduzir esse ícone da violência sagrada ao campo de batalha.

A narrativa é simples, mas eficaz. Os códices espalhados pelos mapas trazem mais profundidade, principalmente para quem se interessa pelo lore da série. Ainda assim, o ponto forte de The Dark Ages não está nos diálogos, mas sim no combate.


Jogabilidade renovada com escudo, parry e… um dragão?

A principal novidade é o escudo do Slayer — um verdadeiro coringa que serve para se defender, refletir ataques (com parry generoso), resolver puzzles e até ser arremessado com força brutal. Ele pode ser aprimorado com runas que liberam funções como uma metralhadora de ombro automática, e a progressão é divertida de experimentar.

O ritmo de combate é mais pesado e metódico, mas isso não significa que o jogo ficou lento ou entediante. O escudo permite uma abordagem mais agressiva, incentivando o jogador a invadir a arena com tudo e assumir o centro da carnificina. O jogo recompensa ousadia e domínio técnico — e é nesse equilíbrio entre defesa e ataque que o gameplay brilha.

Além disso, a campanha se destaca pela variedade. Em meio ao tiroteio tradicional, há batalhas de mecha, sequências de voo montado em um dragão (!), puzzles ambientais e combates opcionais com hordas brutais. Mesmo sendo experiências mais rasas, esses momentos quebram bem o ritmo e adicionam peso à ambientação medieval fantástica.


Progressão densa e mapas gigantescos

A campanha é longa: são cerca de 20 horas com mapas enormes e recheados de segredos. Os jogadores veteranos vão reconhecer a clássica busca por chaves coloridas, mas agora com objetivos mais variados — de upgrades de armas até desafios opcionais com recompensas valiosas.

O arsenal é extenso e satisfatório: são 12 armas de fogo e 3 corpo a corpo, cada uma com upgrades que realmente impactam o gameplay. E diferente de Eternal, o jogo não força trocas constantes. Você pode escolher o estilo que mais gosta e ainda assim dominar o campo.

Apesar de toda essa profundidade, o jogo pode se arrastar nos momentos finais. A estrutura de mapas abertos acaba cansando, especialmente quando a progressão exige voltar atrás para buscar melhorias antes de avançar.


Parte técnica sólida, mas com ressalvas

O desempenho no PS5 é excelente na maior parte do tempo, com raras quedas de frame rate durante combates extremamente caóticos. O tempo de carregamento é quase instantâneo, o que facilita o ritmo da jogatina.

Mas há pontos que decepcionam. As cutscenes apresentam personagens pouco expressivos, com animações faciais limitadas, o que compromete a imersão. Além disso, graficamente o jogo parece não ter evoluído tanto em relação a DOOM Eternal, e até perde em nitidez em certos momentos.


Trilha sonora: sem Mick Gordon, mas ainda potente

A saída de Mick Gordon gerou preocupações — e com razão. A trilha sonora de The Dark Ages não atinge o mesmo patamar icônico de seus antecessores, mas ainda entrega momentos de puro deleite sonoro. O metal continua rasgando alto durante os combates, e a ambientação sonora medieval com tons cósmicos funciona muito bem.


Conclusão: o passado nunca foi tão promissor

DOOM: The Dark Ages não tenta repetir DOOM Eternal. Ele tem sua própria identidade, seu próprio ritmo, e um novo conjunto de ferramentas que ampliam o que entendemos como “ser o Slayer”.

É um encerramento digno para uma trilogia moderna que redefiniu o gênero. Com um escudo na mão, um dragão nos céus, e demônios aos montes, The Dark Ages mostra que DOOM ainda sabe como nos fazer sorrir entre uma explosão e outra.


Agradecemos imensamente à Bethesda Brasil por gentilmente fornecer a chave do jogo em atencipado, tornando possível a realização desta análise.


DOOM: The Dark Ages

DOOM: The Dark Ages não tenta repetir DOOM Eternal. Ele tem sua própria identidade, seu próprio ritmo, e um novo conjunto de ferramentas que ampliam o que entendemos como “ser o Slayer”. É um encerramento digno para uma trilogia moderna que redefiniu o gênero. Com um escudo na mão, um dragão nos céus, e demônios aos montes, The Dark Ages mostra que DOOM ainda sabe como nos fazer sorrir entre uma explosão e outra.
8
BOM