The Last of Us – Temporada 2, Episódio 2: O investimento, o peso emocional e as mudanças marcantes

The Last of Us – Temporada 2, Episódio 2: O investimento, o peso emocional e as mudanças marcantes

{Contém spoilers do episódio e do jogo The Last of Us Part II}

Desde o início, a segunda temporada de The Last of Us prometia ser mais ousada, emocionalmente intensa e, acima de tudo, ambiciosa. E com seu segundo episódio, a HBO Max entrega o que é, até agora, o episódio com maior investimento financeiro e técnico de toda a série, incluindo a primeira temporada. É nítido: da ambientação à cinematografia, da maquiagem à sonoplastia, tudo aqui atinge um novo patamar de produção televisiva. E o resultado é um episódio marcante, difícil de assistir — e impossível de esquecer.

O investimento da HBO salta aos olhos

A qualidade de produção da HBO já era conhecida, mas neste episódio, ela extrapola os limites esperados para uma série de TV. Cada detalhe — seja o clima opressivo da neve caindo em Jackson, as expressões carregadas de tensão e dor nos personagens, ou os enquadramentos meticulosamente pensados — reforça que estamos diante de uma superprodução. A brutalidade do mundo de The Last of Us nunca pareceu tão palpável, e o investimento da HBO não só eleva o impacto visual, como também amplifica o emocional.

Fidelidade com inteligência: mudanças que funcionam

Quem conhece The Last of Us Part II sabe o peso e o ritmo dos acontecimentos. O segundo episódio da temporada adapta um dos momentos mais importantes (e polêmicos) do jogo, com mudanças que, embora diferentes, respeitam a essência da narrativa. Um bom exemplo é a troca de personagens: no jogo, quem encontra Abby é Tommy; na série, é Dina quem assume esse papel. Essa alteração é sutil, mas enriquece o universo da série, introduzindo Dina com mais profundidade desde cedo e criando uma conexão emocional mais imediata com Ellie.

Essas mudanças são pensadas com cuidado. Elas não alteram o curso da história — apenas a maneira como o espectador caminha por ela. São escolhas que tornam a experiência mais acessível a novos públicos, sem alienar os fãs do jogo original.

Bella Ramsey e a sombra de Ashley Johnson

Bella Ramsey continua entregando uma performance poderosa como Ellie. Sua atuação neste episódio é carregada de dor, confusão e revolta. Ela mostra o amadurecimento da personagem, ao mesmo tempo em que carrega a vulnerabilidade de uma jovem que perde tudo.

No entanto, para quem jogou The Last of Us Part II, é impossível não comparar com Ashley Johnson, a atriz e dubladora original da Ellie. Na cena fatídica, a Ellie do jogo transborda emoções em um equilíbrio quase cruel entre desespero, dor e fúria contida. Há um sofrimento que nos engole. Embora Bella tenha feito um excelente trabalho, a interpretação no jogo continua, para mim, mais marcante, mais visceral. A dor da Ellie de Ashley parecia queimar — e esse sentimento, embora presente na série, é mais contido.

A morte de Joel: mais brutal, mais pessoal

Se a morte de Joel no jogo foi um divisor de águas, na série ela ganha contornos ainda mais brutais. O episódio entrega um momento devastador, mas não só pela violência. O que realmente choca é a construção emocional que antecede a tragédia.

Joel e Abby têm uma breve conversa. Não há confiança, mas há humanidade. Joel não luta, ele entende. Ele aceita seu destino. E é exatamente isso que torna a sequência tão dolorosa. Ver Abby quebrando Joel aos poucos, com socos que pareciam vir de um lugar de fúria descontrolada, foi um espetáculo difícil de assistir. Não há cortes, não há alívio — a HBO quer que você sinta tudo.

No jogo, Ellie desmaia. Na série, ela permanece acordada. E é nesse detalhe que o episódio se eterniza. Ellie dá a ele um último adeus, não verbal, mas físico e emocional. A brutalidade do momento, aliada ao olhar derrotado de Joel, constrói uma cena que vai marcar a geração de novos fãs da série. É uma despedida que carrega angústia, ódio, mas também, de alguma forma, encerramento.

Conclusão

O segundo episódio da segunda temporada de The Last of Us é corajoso. Ele toma riscos narrativos, visuais e emocionais — e acerta. Mesmo com mudanças pontuais, a fidelidade ao espírito do jogo é preservada. A HBO entrega um episódio que amplifica tudo o que fez a série e o jogo tão impactantes: a dor, a perda, e a complexidade dos personagens.

Se este é apenas o começo da temporada, o que vem pela frente promete mexer ainda mais com nossas emoções.