Vendas em queda e preços em alta mostram que o mercado de consoles enfrenta um novo desafio
Uma análise recente dos dados de vendas indica que a indústria de consoles pode estar entrando numa fase de retração, um movimento que vai muito além do brilho das GPUs e do poder gráfico da PS5, Xbox Series e Nintendo Switch 2.
Nos Estados Unidos, uma representação gráfica baseada em anos de dados revela um padrão preocupante: o preço médio dos consoles disparou, enquanto o número total de unidades vendidas despencou.
Do auge ao declínio
Entre 1995 e 2001, o mercado de consoles viveu sua primeira grande onda de crescimento, impulsionado por plataformas clássicas como o PlayStation original, o Nintendo 64 e, em seguida, a PS2 e o Xbox. O impulso se intensificou entre 2006 e 2010, com hits como Wii, Xbox 360 e PS3 vendendo entre cinco e cinco milhões e meio de unidades em um único mês de novembro.
Porém, essa trajetória mudou a partir de 2012. O declínio começou gradualmente, afetado por lançamentos menos impactantes como a Wii U e as primeiras fases da Xbox One – e se aprofundou na última metade da década. Enquanto quase 4 milhões de consoles eram vendidos em novembro de 2019, a previsão para novembro de 2025 é de apenas 1,6 milhão de unidades – uma queda superior a 50%.
Quanto custa jogar hoje?
O valor que os consumidores estão pagando por um console também mudou drasticamente. Em 1995, os preços variavam entre 100 e 150 dólares. Na última década, esse número cresceu substancialmente. Para novembro de 2025, o preço médio esperado por unidade é de 439 dólares. Em termos práticos, isso representa um aumento de cerca de 85 % em apenas seis anos.
Esse salto nos preços não é um fenômeno isolado de hardware gamer: fatores como inflação acumulada, taxas de importação, custos de materiais e o custo elevado de componentes como memória RAM e SSDs pressionam os valores para cima. Ainda assim, mesmo se considerarmos ajustes salariais proporcionais, os consoles hoje custam significativamente mais em comparação com décadas atrás.

O que os números nos dizem?
Os dados deixam claro um ponto: há uma correlação entre preços crescentes e menor demanda, ainda que isso não comprove causalidade direta. Com modelos premium como a PS5 Pro e variantes mais robustas no mercado, os consumidores se veem diante de escolhas difíceis: investir em hardware mais caro ou adiar a compra?
Além disso, muitos jogadores optaram por estender a vida útil de consoles antigos por mais tempo – como ocorreu durante a transição desta geração – reduzindo ainda mais a necessidade imediata de upgrade.
Para onde caminha o mercado?
O analista Mat Piscatella destaca que, com o aumento contínuo dos custos de componentes e a orientação da indústria para segmentos como inteligência artificial, o futuro dos dispositivos dedicados ao jogo pode enfrentar desafios ainda maiores. Fragmentação de mercado, preferência por jogos digitais, serviços de assinatura e mudanças no comportamento do consumidor fazem parte desse novo cenário.
Por fim, embora franquias fortes como GTA 6 possam trazer algum impulso às vendas de hardware, a batalha não será vencida apenas pela potência gráfica ou pelo nome PS5, Xbox ou Switch 2. O equilíbrio entre preço, desempenho e valor percebido pelo jogador será o grande teste para a longevidade das consoles tais como os conhecemos hoje.
Fonte: Mat Piscatella ( X )
