Introdução
Black Ops 7 chega como a continuação direta de Black Ops 2 e tenta resgatar parte da identidade clássica da sub-série enquanto moderniza seu núcleo competitivo. Ambientado em 2035, o jogo aposta em três pilares principais — multiplayer, zombies e uma campanha totalmente voltada para co-op — e entrega uma experiência narrativamente fraca, ainda assim, o eixo online do jogo sustenta sua força. O multiplayer e o zombies formam a espinha dorsal de Black Ops 7, oferecendo ritmo acelerado, variedade e profundidade de progressão. Em contrapartida, a campanha se torna o elo fraco, misturando potencial desperdiçado com escolhas questionáveis. O resultado é um título divertido para quem busca apenas ação online, mas com falhas que impedem uma experiência premium completa.

Gameplay
O multiplayer mostra o jogo em sua melhor forma. A movimentação recebeu um equilíbrio raro dentro da série: mais versátil, com wall run e wall jump que permitem fluir pelo mapa, mas sem a sensação de “hipermobilidade” exagerada que afastou parte do público em outros títulos. O tiroteio permanece responsivo, com armas que possuem identidade clara, versões early meta relativamente estáveis e um sistema de overclock que abre espaço para experimentação sem quebrar o balanceamento logo de início.
Os mapas chegam como um dos pontos mais elogiados, combinando construção tradicional de três rotas com variações verticais inteligentes. Modos como Overload adicionam uma camada de caos calculado, incentivando rotação constante e jogadas arriscadas. O retorno dos lobbies persistentes cria a velha sensação de rivalidade, algo que vinha sendo muito pedido. A ausência do SBMM ativo por padrão reduz a previsibilidade das partidas, ainda que isso também gere discrepâncias de habilidade mais visíveis.
Para quem gosta de escalas maiores, o 20v20 entrega volume e espaço, embora alguns jogadores mencionem excesso de explosivos e utilitários que dominam certas partidas. A mixagem de áudio continua irregular: passos exageradamente altos, explosões que parecem competir com o próprio jogo pela sua atenção e uma inconsistência que afeta leitura tática.
Mesmo assim, o ciclo de progressão — camos, prestígios, desafios e contratos — consegue capturar a sensação viciante que define a série. O multiplayer não reinventa nada, mas refina quase tudo que importa.

Campanha
A campanha é, ao mesmo tempo, ambiciosa e limitada. Construída inteiramente para co-op de até quatro jogadores, ela deixa claro que foi pensada como um híbrido entre narrativa e missões de serviço — e é exatamente aí que perde força. Jogá-la solo expõe o design mais repetitivo, com encontros que se apoiam demasiadamente em hordas de inimigos esponjosos e em arenas fechadas sem variações de ritmo. A falta de IA aliada agrava isso, já que o jogador enfrenta tudo sozinho, como se estivesse em uma experiência PvE improvisada.
O requisito de conexão constante, a impossibilidade de pausar e os kicks por inatividade tornam tudo ainda mais desconfortável, inclusive para quem só quer jogar uma campanha tradicional. Alucinações geradas por gás inimigo criam momentos visualmente chamativos, como criaturas surreais e distorções de cenário, mas funcionam mais como truque estético do que como parte significativa da narrativa.
Os chefes sem checkpoints transformam trechos finais em sessões de repetição cansativas, e a ausência de missões diversificadas — sem infiltração, sem gadgets especiais, sem veículos — limita o impacto emocional e a sensação de progressão. O endgame, focado em extração PvE dentro do mapa Avalon, adiciona conteúdo, mas está preso atrás da conclusão da campanha e repete a estrutura de grind, sem novidades suficientes para justificar o formato.
A campanha em si é uma das mais fracas dos últimos Call of Duty lançados, cheia de frases de efeito sem graça e reciclando praticamente tudo da franquia. Espanta o declínio tão grande dela quando comparada à do Black Ops 6, que foi uma das melhores campanhas dos últimos tempos, com tom mais sério, ótimos visuais e missões memoráveis — o oposto completo da de Black Ops 7, cujo maior incentivo para jogá-la está mais voltado à parte de fazer as camuflagens de arma e level up pra prestígio.
A trama tenta amarrar pontas antigas e trazer rostos conhecidos, mas nunca encontra peso dramático real. Há nostalgia, mas pouco propósito. Jogada entre amigos, vira quase uma comédia involuntária; solo, se torna frustrante.

Conclusão
Black Ops 7 busca retomar a narrativa deixada em aberto após Black Ops 2, trazendo figuras clássicas e menções ao passado, mas faz isso de forma superficial. Enquanto Black Ops 1 e 2 eram carregados de paranoia, tensão psicológica e missões memoráveis, este novo capítulo assume um tom mais padronizado, quase como um modo estendido de Warzone com cutscenes, perdendo a essência que caracterizava a série.
Comparado aos títulos mais experimentais, como Black Ops 3, falta ousadia; comparado aos mais tradicionais, falta identidade. Já no multiplayer, porém, Black Ops 7 encontra espaço para se destacar. Supera seu antecessor no equilíbrio de movimento, na qualidade dos mapas e na consistência do ritmo de jogo, recuperando um pouco do charme competitivo da era Black Ops 2/3.
Zombies também volta forte, com mapa amplo, activities paralelas, progressão clara e acréscimos como Dead Ops Arcade 4, reforçando que o estúdio ainda entende como entregar um modo cooperativo divertido e duradouro. É, sem dúvida, o melhor pacote zombies em anos.
No fim, Black Ops 7 confirma uma tendência: a franquia continua priorizando volume de conteúdo e sustentabilidade do ecossistema online, às custas da campanha. Para quem vive no multiplayer, é um dos capítulos mais robustos recentes. Para quem valoriza história e variedade no modo solo, é um dos mais decepcionantes.
Agradecemos à Activision e Theogames pela gentileza de fornecer a chave para review.