Preview – Dispatch – Episódio 1 e 2

Preview – Dispatch – Episódio 1 e 2

Dispatch chega com a promessa de renovar as aventuras narrativas interativas, um alívio para quem sente falta dos clássicos da Telltale. A proposta é instigante: um universo de super-heróis onde o glamour das capas é trocado pela chatice de um emprego de escritório. No jogo, assumimos o papel de Robert Robertson, um ex-vilão de segunda categoria que se vê obrigado a virar despachante em uma agência de heróis que está por um fio. Os dois primeiros episódios, “Pivot” e “Onboard”, funcionam como uma abertura divertida, mas deixam a clara sensação de que o jogo está com o pé no freio – é só uma degustação, e não a refeição completa.

Dispatch AdHoc Studio Release Date October 22 PlayStation 5 PC


O que achei do primeiro Episódio

O primeiro episódio é focado na apresentação, e ele faz isso com estilo. Rapidamente, somos jogados em uma Los Angeles alternativa, cheia de vilões de aluguel e heróis que parecem mais endividados do que salvadores. Robert é um personagem cativante: cínico, desiludido e com um humor autodepreciativo que o torna o guia ideal para essa crítica divertida ao mundo dos superpoderes. As primeiras cenas no bar, onde ele é recrutado pela executiva implacável Blonde Blazer, e o caos da agência, são um prazer visual e narrativo.

A animação, com aquele estilo de desenho animado caprichado (cel-shaded), é de alta qualidade, com expressões faciais que transmitem muita emoção. O ritmo é bom, e o humor aparece de forma natural: piadas desbocadas sobre poderes falhos misturadas com críticas ao “capitalismo heroico”. O jogo acerta ao dar um toque de humanidade ao Robert, plantando a semente de um drama pessoal que deve ser explorado. O que mais chama a atenção é como cada personagem tem uma personalidade forte e envolvente desde o início.

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O que achei do segundo Episódio

O segundo episódio aprofunda a rotina da agência, apresentando o elenco de excêntricos que roubam a atenção: o arrogante Sonar, o rude Chase e o engraçado Royd. É quando a parte de “despachar” começa para valer – a mecânica de enviar heróis para resolver crises urbanas, que mistura tática com gerenciamento de recursos, é o ponto alto da jogabilidade. Não é nada que nunca vimos, mas é envolvente: você sente a pressão das decisões rápidas, e os momentos de ação (quick-time events) adicionam uma adrenalina cinematográfica. Eu recomendo jogar no modo interativo, onde executamos pequenas ações durante as cenas, pois aumenta a imersão e urgência.

O modo cinemático é melhor para quem quer só curtir a história ou rejogar. O humor melhora aqui, com diálogos sarcásticos e momentos de vulnerabilidade que humanizam esses super-heróis que são, no fundo, perdedores. No entanto, é também onde o episódio desaponta um pouco: ele repete alguns tutoriais e as escolhas que fazemos parecem não ter grande impacto imediato, dando a impressão de que o jogo ainda está com medo de arriscar de verdade.

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Meu veredito prévio até o momento

No geral, esses episódios de estreia são um show de design e timing cômico, mas são muito curtos (cerca de uma hora cada), o que os torna bons para quem tem pouco tempo, mas frustrantes para quem queria mergulhar na história. A direção de arte e a dublagem de primeira qualidade transformam o que poderia ser uma história comum em algo cheio de personalidade e risadas sinceras. A trilha sonora eu achei muito boa, principalmente a música de encerramento de cada capítulo, que fecha os episódios com um tom perfeito de melancolia irônica e empolgação.

É uma comédia de trabalho com super-heróis que critica o heroísmo exagerado de Hollywood, o que é ótimo. No entanto, Dispatch ainda é tímido: as escolhas precisam ter mais peso, e a trama, por enquanto, é mais uma preparação do que o início da grande aventura. Se os próximos capítulos (que devem vir a cada semana) ousarem aumentar o peso das consequências e a escala das crises, o jogo tem tudo para ser um sucesso.