Funcionários da King relatam clima de incerteza após demissões em massa sob gestão da Microsoft

Funcionários da King relatam clima de incerteza após demissões em massa sob gestão da Microsoft

Cerca de 200 cortes já foram confirmados, mas relatos internos apontam para novos desligamentos, pacotes de indenização contestados e queda na moral da equipe.


A King, estúdio conhecido mundialmente pelo sucesso de Candy Crush, enfrenta um momento de instabilidade após a demissão de aproximadamente 200 funcionários, como parte de cortes mais amplos na divisão de jogos da Microsoft. As reduções, que também incluíram o fechamento de estúdios e o cancelamento de projetos, geraram um clima de insegurança dentro da desenvolvedora, segundo reportagens do MobileGamer.biz repercutidas pelo VGC.

Pacotes de demissão sob contestação legal

De acordo com relatos de funcionários, os pacotes de demissão oferecidos pela Microsoft foram considerados ilegais por advogados consultados. Apesar disso, muitos optaram por aceitar as propostas para evitar complicações em uma possível disputa judicial contra a gigante tecnológica.

“Todos nós consultamos advogados e eles foram bem claros ao dizer que as propostas não eram legais”, declarou uma das fontes. “Mas eu decidi, no fim, assinar, simplesmente porque temo receber ainda menos e não acredito que possamos vencer contra uma corporação como a Microsoft.”

As alegações também sugerem que os desligamentos não levaram em conta o desempenho dos profissionais. Em vez disso, a seleção teria sido feita com base nos salários, atingindo primeiro os funcionários com vencimentos mais altos, independentemente da contribuição ou do tempo de casa.



Metas consideradas inalcançáveis

Outro ponto de insatisfação diz respeito ao chamado Plano Operacional Anual (AOP) da King. Funcionários afirmam que as metas estabelecidas eram inatingíveis, levantando suspeitas de que a equipe teria sido “preparada para falhar” para justificar cortes futuros. O cenário, somado à falta de clareza da liderança, contribuiu para o aumento do desgaste psicológico dos trabalhadores.

Há ainda relatos de funcionários em licença médica devido à exaustão, além do receio em expressar preocupações. Isso porque o feedback interno deixou de ser anônimo e passou a exigir identificação por nome, o que teria diminuído a confiança no processo.

Em meio às mudanças, outro ponto de atrito surgiu: a Microsoft estaria incentivando o uso diário de ferramentas de inteligência artificial por todos os funcionários. No entanto, segundo relatos, a própria liderança da King permanece cética quanto à eficácia dessa abordagem, o que aumenta o descompasso entre as diretrizes corporativas e a visão do estúdio.

Mais cortes à vista?

Um ex-gerente sênior ouvido pelo MobileGamer.biz afirmou que a King estaria com sua força de trabalho inchada e que novos cortes são esperados como forma de “ajustar o tamanho da equipe”. A declaração reforça o temor de que os 200 desligamentos possam ser apenas o início de um processo mais amplo de reestruturação.

A crise interna na King ocorre em um momento de maior pressão sobre a Microsoft, que já promoveu uma série de demissões em diferentes estúdios desde a aquisição da Activision Blizzard. A situação coloca em xeque o futuro de equipes criativas sob a gestão da companhia e reacende debates sobre a sustentabilidade do modelo corporativo aplicado à indústria de games.

Fonte: VGC