Silent Hill 2: Masahiro Ito esclarece polêmica sobre cena envolvendo Pyramid Head

Silent Hill 2: Masahiro Ito esclarece polêmica sobre cena envolvendo Pyramid Head

Designer de monstros da franquia afirma que momento não tem relação com violência sexual e que fãs distorcem interpretações do jogo.


Lançado originalmente em 2001, Silent Hill 2 é considerado um dos maiores clássicos do survival horror, conhecido por explorar temas delicados e pela construção psicológica de seus personagens. O remake de 2024, produzido pela Bloober Team, trouxe novamente à tona uma das sequências mais controversas do jogo: a cena envolvendo o Pyramid Head e um manequim.

Desde a estreia do título original, parte da comunidade interpreta o momento como uma alegoria de violência sexual e frustração íntima. A discussão voltou com força após o remake, levando Masahiro Ito, diretor de arte e criador dos monstros de Silent Hill 2, a se pronunciar publicamente para esclarecer a intenção por trás da cena.

“Não foi projetada para representar violência sexual”

Em postagem no Twitter/X, Ito afirmou que nunca teve a intenção de associar o episódio a temas sexuais explícitos. Segundo ele, o objetivo sempre foi criar desconforto psicológico no jogador, sem recorrer à violência sexual como metáfora.

“Não faço ideia de por que eles insistem em se apegar a esse headcanon de estupro. Porque, se você entende o contexto da história, esse headcanon não só não faz nenhum sentido, como também não se encaixa no estado mental do James”, escreveu Ito.

O artista reforçou que a cena foi pensada para provocar estranhamento e repulsa, mas não carrega simbolismos relacionados à frustração sexual do protagonista.



Contexto da narrativa

Ito também rebateu interpretações que sugerem que James Sunderland, protagonista do jogo, teria assassinado sua esposa Mary por questões sexuais. Ele destacou que tal teoria não se sustenta diante do arco narrativo e dos múltiplos finais possíveis, como o “In Water”, em que James se afoga junto ao corpo da esposa, simbolizando arrependimento e desespero.

“Alguém afirmou que James matou Mary por frustração sexual, mas quem iria querer retratar um homem assim como protagonista de um jogo que chega a ter até um final em que ele comete suicídio debaixo d’água junto com o corpo da esposa morta?”, questionou o desenvolvedor.

Críticas ao “headcanon” da comunidade

O criador também demonstrou incômodo com o modo como parte da comunidade insiste em tratar teorias pessoais como interpretações oficiais. Para Ito, isso não apenas distorce a visão original da obra, mas gera ataques quando ele próprio tenta esclarecer os significados por trás das cutscenes.

“Como já disse muitas vezes, nunca nego que os fãs tenham suas próprias opiniões. Mas eles espalham seus headcanons como se fossem oficiais e os empurram para os outros ou para mim. Se eu corrijo um headcanon sobre cutscenes que eu fiz ou dirigi, eles me insultam ou me atacam. Por isso fiz essa postagem”, desabafou.

A polêmica no remake

O remake de Silent Hill 2, lançado em 2024, manteve a natureza ambígua da cena original, sem fornecer uma explicação definitiva. Essa escolha artística acabou perpetuando as interpretações equivocadas que circulam desde a versão de 2001, reacendendo debates sobre a intenção da sequência.

O esclarecimento de Ito reforça que o verdadeiro foco de Silent Hill 2 está no terror psicológico, explorando culpa, luto e arrependimento, e não em metáforas de violência sexual. Ainda assim, a polêmica ilustra como obras abertas a múltiplas leituras podem gerar teorias divergentes — algumas delas distantes da visão criativa original.

Fonte: Automaton Media