Ex-produtor de Call of Duty critica Activision por priorizar lucro e usar táticas de manipulação

Ex-produtor de Call of Duty critica Activision por priorizar lucro e usar táticas de manipulação

Mesmo sendo um dos maiores sucessos comerciais da indústria de jogos, Call of Duty continua gerando debates acalorados — não apenas entre jogadores, mas também entre veteranos da própria indústria. O ex-produtor executivo da Infinity Ward, Mark Rubin, criticou abertamente as decisões da Activision, alegando que a empresa está mais interessada em maximizar lucros do que em oferecer experiências de qualidade.

Críticas à cultura de monetização

Mark Rubin, atualmente produtor de xDefiant na Ubisoft, publicou nas redes sociais que jogos como Call of Duty têm apostado excessivamente em estratégias para extrair dinheiro dos jogadores. Segundo ele, a Activision recorre ao marketing baseado em FOMO e ao sistema de matchmaking EOMM como forma de manter o público engajado de maneira artificial.

“Muitos jogos, incluindo Call of Duty, focam apenas em como lucrar o máximo possível com a base de jogadores. Eles dependem muito do marketing FOMO e das partidas EOMM. Mas eu sinto que costumava ser mais sobre a qualidade do jogo (…). Melhores mapas, modos, etc. Em outras palavras, seu jogo deve ter uma alta contagem de jogadores porque é bom, e as pessoas querem jogá-lo, em vez de pessoas jogando porque o jogo tem um orçamento de marketing de US$ 250 milhões.”

Rubin ainda comparou o cenário atual à abordagem da Larian Studios com Baldur’s Gate 3, elogiando o foco da empresa em qualidade, conteúdo gratuito e respeito à comunidade. “Precisamos ser mais como a Larian e menos como a Activision”, declarou.

FOMO e EOMM: estratégias controversas

As críticas do desenvolvedor se concentram em dois métodos amplamente usados por jogos como serviço:

  • FOMO (Fear of Missing Out): Estratégia que explora o medo dos jogadores de perder eventos ou itens exclusivos, incentivando a participação imediata e frequente.
  • EOMM (Engagement Optimized Matchmaking): Sistema de matchmaking que, em vez de priorizar equilíbrio competitivo, visa manter o jogador engajado — alternando entre vitórias fáceis e derrotas planejadas para estimular o retorno constante ao jogo.
Reações e autodefesa

Após os comentários, Rubin foi acusado por parte da comunidade de utilizar táticas semelhantes em xDefiant. Em sua defesa, ele afirmou que o jogo é gratuito, permite a obtenção da moeda premium apenas jogando e não contou com marketing milionário.

“Nunca tivemos orçamento para campanhas massivas. Nosso objetivo sempre foi fazer algo bom o suficiente para que os jogadores queiram voltar naturalmente, e não por medo de perder algo.”
Uma Activision irreconhecível?

Mark Rubin encerrou dizendo que, embora existam ótimos profissionais dentro da Activision, a filosofia da empresa mudou radicalmente com o tempo — e dificilmente retornará à abordagem centrada em qualidade que existia no passado. As críticas reacendem a discussão sobre os limites éticos da monetização em jogos, especialmente em títulos voltados ao público jovem, onde práticas como FOMO e EOMM são cada vez mais comuns.

Fonte: MP1ST