Negócio liderado pelo fundo soberano da Arábia Saudita pode tirar a EA da bolsa e marcar uma das maiores aquisições da história dos games
O processo de venda da Electronic Arts avançou de forma significativa. Os acionistas da publisher aprovaram oficialmente a proposta de aquisição da companhia por um consórcio de investidores em um acordo avaliado em US$ 55 bilhões, um dos maiores já registrados na indústria de videogames. Com a aprovação, a operação entra agora em sua fase mais sensível: a análise por parte de órgãos reguladores e autoridades antitruste em diferentes regiões do mundo. Caso seja concluída, a transação fará com que a EA deixe de ser uma empresa de capital aberto, retornando ao controle privado após décadas listada em bolsa. A decisão representa uma mudança estrutural profunda para uma das maiores publishers do setor, responsável por franquias como EA Sports FC, Battlefield, The Sims, Apex Legends e Need for Speed.
De acordo com os termos do acordo, o consórcio comprador é liderado pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF), que passaria a deter aproximadamente 93,4% das ações da Electronic Arts, consolidando-se como acionista majoritário. O PIF já possui participação relevante em outras empresas do setor de entretenimento e jogos, e a aquisição da EA ampliaria de forma considerável sua influência global na indústria. Apesar de a negociação ter enfrentado críticas e questionamentos em determinados círculos, especialmente relacionados à governança e à concentração de poder, o aval dos acionistas indica que a proposta foi considerada financeiramente vantajosa. Para muitos investidores, o valor oferecido representou um prêmio significativo em relação às cotações recentes da empresa no mercado.
Avaliação regulatória será decisiva
Com a aprovação interna concluída, o próximo passo é a análise por autoridades regulatórias e antitruste, sobretudo nos Estados Unidos, na União Europeia e em outros mercados estratégicos. Esse tipo de avaliação costuma examinar possíveis impactos na concorrência, concentração de mercado e práticas comerciais futuras. Especialistas apontam que, embora a EA não seja dona de plataformas de distribuição ou hardware, seu peso no segmento de jogos esportivos e serviços online pode atrair atenção extra dos reguladores. Ainda assim, a expectativa do mercado é de que o processo seja longo, mas não necessariamente bloqueado, dependendo das garantias apresentadas pelo grupo comprador.
Segundo informações divulgadas pelo jornalista Stephen Totilo, mesmo com a mudança de controle acionário, a expectativa inicial é que a Electronic Arts mantenha autonomia criativa sobre seus estúdios e propriedades intelectuais. Isso incluiria liberdade para decisões de desenvolvimento, cronogramas de lançamento e direcionamento artístico de suas franquias. No entanto, fontes do setor indicam que ajustes internos são praticamente inevitáveis. A nova administração pode promover reestruturações financeiras, revisão de custos operacionais e reavaliação de projetos em andamento, especialmente em um cenário de indústria cada vez mais pressionada por orçamentos elevados e ciclos longos de desenvolvimento.
Momento delicado para a publisher
O avanço da negociação ocorre em um momento sensível para a Electronic Arts. Paralelamente às discussões sobre a venda, a indústria foi impactada pela notícia da morte de Vince Zampella, figura histórica dentro da EA e um dos nomes mais influentes do estúdio nos últimos anos. Zampella teve papel central no reposicionamento da franquia Battlefield, especialmente com Battlefield 6, que ajudou a recuperar parte do prestígio da série após lançamentos turbulentos. A perda do executivo adiciona um elemento de incerteza ao futuro imediato da empresa, justamente em um período de transição profunda em sua estrutura de controle. Se confirmada, a aquisição da Electronic Arts por US$ 55 bilhões entrará para a história como uma das maiores transações já realizadas no setor de videogames, ao lado de movimentos como a compra da Activision Blizzard pela Microsoft. O desfecho do processo pode redefinir não apenas o futuro da EA, mas também o equilíbrio de forças dentro da indústria global de jogos nos próximos anos.
