Diretor de Kingdom Come diz que “falta de realismo visual é moda, não falta de dinheiro”

Diretor de Kingdom Come diz que “falta de realismo visual é moda, não falta de dinheiro”

Daniel Vávra critica desenvolvedores que usam orçamento como desculpa e reacende debate sobre escolhas artísticas na indústria


Kingdom Come: Deliverance 2 voltou ao centro das discussões da indústria após declarações diretas de Daniel Vávra, diretor e cocriador da franquia. O desenvolvedor criticou abertamente a ideia de que jogos com visual realista exigem, necessariamente, grandes orçamentos e equipes numerosas, defendendo que essa justificativa se tornou uma desculpa recorrente dentro do mercado. A polêmica teve início após Vávra responder a um comentário no X que afirmava que jogos realistas são inviáveis para estúdios menores. Em sua resposta, o diretor usou a própria experiência como contraponto, afirmando que o primeiro Kingdom Come foi desenvolvido em condições financeiras extremas.

Segundo ele, a Warhorse Studios iniciou o projeto sem qualquer investimento externo. Vávra afirmou que literalmente ficou sem dinheiro durante o início do desenvolvimento e que o jogo só se tornou viável graças a uma campanha de financiamento coletivo no Kickstarter. A parceria com uma editora, a Koch Media, só aconteceu cerca de dois anos depois.

Crítica direta às tendências visuais da indústria

Para Vávra, a popularidade atual de estilos visuais mais caricatos ou simplificados não está ligada a limitações técnicas ou orçamentárias, mas sim a uma tendência criativa que se espalhou pela indústria. Na visão do diretor, esse tipo de abordagem virou um padrão confortável. Ele classificou esse movimento como um clichê, reconhecendo que o estilo pode agradar parte do público, mas defendendo que os estúdios deveriam buscar mais ambição visual e menos conformismo criativo. As declarações provocaram forte repercussão. Diversos desenvolvedores independentes rebateram o posicionamento, argumentando que estilos cartunescos são escolhas artísticas conscientes e não reflexo de falta de recursos. Outros apontaram que gráficos estilizados costumam envelhecer melhor do que produções focadas em realismo extremo.

Por outro lado, parte da comunidade apoiou Vávra, destacando que Kingdom Come se destacou justamente por ir contra tendências dominantes e apostar em uma estética mais crua e histórica, algo cada vez mais raro em produções modernas. O debate ganha ainda mais peso pelo momento vivido pela Warhorse Studios. Kingdom Come: Deliverance 2 estava entre os indicados ao prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards 2025, consolidando a trajetória do estúdio desde um projeto financiado por crowdfunding até uma produção de grande relevância no mercado.