Ex-presidente da FTC aponta aumento de preços, demissões em massa e riscos à concorrência no setor de games
A ex-presidente da Federal Trade Commission (FTC), Lina Khan, voltou a se pronunciar sobre a compra da Activision Blizzard pela Microsoft, concluída em 2023 após longas batalhas regulatórias. Segundo Khan, os desdobramentos da transação de US$ 69 bilhões já estariam confirmando alguns dos piores receios levantados à época: aumento de preços, demissões em massa e redução da competitividade no mercado de games.
Consolidação e prejuízos ao consumidor
Khan afirmou que a aquisição se encaixa em um padrão recorrente em diversos setores da economia, em que a consolidação de grandes corporações leva a custos mais altos para consumidores e condições piores para trabalhadores.
“A aquisição da Activision pela Microsoft foi seguida por aumentos significativos de preços e demissões, prejudicando tanto jogadores quanto desenvolvedores”, declarou.
Ela também destacou que, quando empresas atingem dimensões tão grandes que passam a ser “grandes demais para se importar”, o equilíbrio competitivo se rompe. Nesse cenário, os consumidores enfrentam menos opções e preços mais altos, enquanto funcionários e parceiros sofrem com cortes e instabilidade.
Demissões e aumentos de preços
Desde a conclusão do acordo, a Microsoft promoveu demissões que afetaram milhares de funcionários da Activision Blizzard e de outros estúdios sob sua administração. Paralelamente, houve reajustes nos preços do Xbox Game Pass e em lançamentos de jogos, gerando forte insatisfação na comunidade.
Para muitos críticos, essas medidas reforçam a percepção de que a centralização do poder de mercado na Microsoft pode, de fato, prejudicar tanto a concorrência quanto a inovação, ao contrário do que a empresa prometia durante as negociações de aprovação.
Histórico e preocupações regulatórias
Anunciada em janeiro de 2022 e aprovada em outubro de 2023, a aquisição da Activision Blizzard foi alvo de intensos questionamentos de órgãos reguladores ao redor do mundo. A FTC, sob a liderança de Khan, foi uma das principais vozes contrárias, argumentando que a compra poderia conceder à Microsoft uma vantagem desproporcional sobre rivais como Sony, Nintendo e outras publishers independentes.
Críticos também apontavam para os riscos de que franquias de peso, como Call of Duty, Diablo e World of Warcraft, pudessem ser usadas de forma estratégica para limitar o acesso da concorrência a conteúdos essenciais.
Reacendendo o debate sobre regulação
As declarações recentes de Khan voltam a colocar em pauta a necessidade de maior rigor regulatório em grandes aquisições no setor de tecnologia e entretenimento. Analistas avaliam que o posicionamento da ex-presidente da FTC está alinhado à sua gestão (2021–2025), marcada por uma postura mais dura contra práticas de monopólio e abuso de poder econômico.
Enquanto isso, jogadores e desenvolvedores continuam divididos: De um lado, há a expectativa de que a estrutura e os recursos da Microsoft possam viabilizar novos projetos de grande escala. De outro, crescem as preocupações com os custos crescentes, as demissões e a concentração de poder em um mercado que já enfrenta desafios de acessibilidade e diversidade de opções.