Expansão levará Basim à cidade histórica de AlUla, mas funcionários e críticos questionam a associação da empresa ao regime de Mohammed bin Salman
A Ubisoft anunciou um DLC gratuito para Assassin’s Creed Mirage, lançado em 2023, que adicionará um novo mapa e missões ambientadas em AlUla, cidade histórica da Arábia Saudita reconhecida como patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO. O anúncio foi feito por Yves Guillemot, presidente da companhia, durante a New Global Sport Conference em Riade, evento realizado em paralelo à Copa Mundial de Esports, financiada pelo governo saudita.
Patrimônio histórico em destaque
Na expansão, os jogadores poderão explorar AlUla, localidade que abriga ruínas arqueológicas milenares e se tornou um dos símbolos do esforço saudita em se consolidar como destino turístico global. Segundo Guillemot, a ideia é oferecer uma experiência cultural inédita dentro do universo de Assassin’s Creed:
“Estamos trabalhando com AlUla, que é um sítio da UNESCO ainda pouco conhecido. Estamos criando conteúdo que será oferecido gratuitamente aos jogadores de Mirage, e eles poderão visitar esse local”, afirmou o executivo.
Questionamentos internos e dilema ético
Apesar da proposta de valorizar o patrimônio histórico, a iniciativa despertou preocupações internas entre funcionários da Ubisoft. Segundo reportagem do site GameFile, colaboradores questionaram em uma reunião se a parceria com o Fundo de Investimento Público (PIF) — controlado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MBS) — não mancharia a imagem da empresa, em razão das denúncias de violações de direitos humanos associadas ao regime saudita, incluindo o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.
A diretoria respondeu que a viagem de Guillemot à Arábia Saudita fez parte de uma delegação francesa que também incluía o presidente Emmanuel Macron, descrevendo a ação como uma estratégia diplomática. A Ubisoft ainda reforçou que o PIF não pode ser confundido diretamente com MBS e que “dialogar com parceiros que não compartilham valores democráticos não significa endossá-los”.
Quem financia o conteúdo?
O papel do PIF no financiamento do DLC também virou alvo de debate. Embora a Ubisoft tenha se recusado a confirmar ou negar se o fundo é o financiador exclusivo da expansão, a empresa garantiu que mantém total controle criativo sobre o desenvolvimento. Em comunicado à imprensa, a companhia destacou que o projeto foi possível graças ao apoio de “organizações locais e internacionais, especialistas e historiadores”, assegurando a autenticidade do cenário.
Ainda sem data definida, a expansão será distribuída gratuitamente para todos os jogadores de Assassin’s Creed Mirage nas plataformas em que o jogo está disponível. Apesar da incerteza em torno do financiamento, a Ubisoft reforça que a iniciativa busca ampliar o alcance cultural da série, mantendo sua tradição de recriar contextos históricos de maneira fiel.
O caso do DLC de Mirage escancara os desafios da indústria de games diante da geopolítica global. Se, por um lado, o conteúdo destaca um patrimônio histórico de relevância mundial, por outro, reacende o debate sobre até que ponto grandes estúdios estão dispostos a colaborar com governos acusados de violações de direitos humanos em troca de acesso a recursos e novos mercados.
Fonte: PC Gamer