Ex-diretor revela: Assassin’s Creed virou RPG para evitar revendas rápidas de discos

Ex-diretor revela: Assassin’s Creed virou RPG para evitar revendas rápidas de discos

Mudança de gênero teria sido motivada por estratégia comercial contra a GameStop, e não apenas por renovação criativa


Há quase 10 anos atrás, a Ubisoft transformou Assassin’s Creed em uma franquia de RPG, com Origins marcando a nova fase da série. A decisão, vista inicialmente como um sopro de inovação para uma marca em desgaste, pode ter tido uma motivação menos criativa e mais comercial. 

Pressão para “manter o disco no console”

Segundo Alex Hutchinson, ex-diretor de jogos da Ubisoft, a mudança nasceu da pressão interna para reduzir a revenda de cópias físicas logo após o lançamento. O alvo, em especial, era a GameStop, que lucrava com o comércio de segunda mão — algo que não retornava em receita para a desenvolvedora.

“Na época havia muita pressão dentro da Ubisoft para ‘manter o disco no console’. A ideia era atrasar a revenda, então os designers foram pressionados a adicionar mais conteúdo para prolongar o tempo de jogo”, explicou Hutchinson.


Do risco ao sucesso comercial

O ex-diretor reconhece que a transição para RPG foi arriscada, já que a franquia nunca conseguiu se consolidar no multiplayer. Mesmo assim, a aposta deu resultado: Assassin’s Creed manteve sua base de fãs, um feito raro para uma IP que mudou de gênero de forma tão radical.

“Acho que é a única franquia que consigo lembrar que mudou de gênero e ainda manteve seu público, então foi arriscado, mas parece que deu certo”, destacou.
Preferência pessoal e crítica ao modelo atual

Apesar de reconhecer o sucesso da decisão, Hutchinson admite que ainda prefere os jogos no estilo ação e aventura, típicos da fase clássica da franquia. Para ele, a Ubisoft corre o risco de saturar os jogadores ao oferecer campanhas de centenas de horas com lançamentos quase anuais.

“Se você acabou de jogar 200 horas de Assassin’s Creed, vai mesmo querer outro um ano depois? Acho que, por sorte, a mudança de cenário e protagonista mantém o frescor. Mas meu coração está nos jogos clássicos, não em ficar equilibrando estatísticas”, concluiu.

Fonte: Games Radar