Controvérsia interna ganha repercussão após declarações da artista Drew Harrison, que afirma não ter tido chance de se defender antes da decisão da Sony
A demissão da artista Drew Harrison desencadeou uma crise nos bastidores de Ghost of Yotei. A profissional, que atuava há cerca de dez anos em equipes da PlayStation, foi desligada após publicar uma piada sobre o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk na rede social Bluesky. Em sua primeira entrevista desde o episódio, concedida ao portal Aftermath, Harrison afirmou que não teve qualquer oportunidade de remover a publicação, se retratar ou discutir o caso antes de ser dispensada pela Sony.
Sendo totalmente transparente, a piada não foi de bom gosto, admitiu Harrison. Mas em nenhum momento alguém me pediu para deletá-la. Ninguém me pediu para me desculpar – e, para constar, eu teria feito isso. Eu teria trabalhado com o PR para escrever um pedido de desculpas. Parece que ninguém investigou o assédio que eu e meus colegas estávamos recebendo.
Como começou a crise
A publicação que originou o caso dizia: “Espero que o nome do atirador seja Mario para que Luigi saiba que seu irmão o apoiou”. A mensagem, postada pouco após a confirmação da morte de Kirk, gerou forte reação de grupos organizados na internet, que mobilizaram campanhas de boicote ao estúdio Sucker Punch e ao jogo. Funcionários relataram que a situação se agravou rapidamente. Segundo apuração, o volume de ligações de críticas e ameaças foi tão grande que alguns setores do estúdio foram orientados a desconectar seus telefones para reduzir a pressão externa.
No dia seguinte, Harrison chegou a brincar, em um chat interno, que havia irritado as piores pessoas da internet, adicionando que havia deixado muffins de banana na cozinha como pedido de desculpas. Poucas horas depois, porém, a liderança da Sucker Punch enviou uma mensagem interna alertando toda a equipe sobre o impacto da postagem. Devido a uma postagem nas redes sociais de um dos membros da equipe, muitos setores do estúdio e da organização Sony estão tendo que gerenciar uma situação em desenvolvimento. Podemos ter que adiar o lançamento de um trailer. Haverá muito trabalho para garantir que mantenhamos os holofotes no jogo que todos criamos. Por favor, tenha cuidado com a forma como vocês se representam online.
Demissão imediata
Ainda no mesmo dia, Harrison foi chamada para uma reunião não agendada com um representante de Recursos Humanos da Sony, onde foi informada de sua demissão imediata. O afastamento foi justificado como resultado de incitação à violência por meio de sua postagem nas redes sociais. A Sony não se pronunciou oficialmente sobre a decisão. Porém, Brian Fleming, cofundador da Sucker Punch, comentou posteriormente ao Game File que o estúdio não aceita publicações que celebrem ou minimizem o assassinato de qualquer pessoa, afirmando que essa postura representa o posicionamento do estúdio.
Harrison, no entanto, declarou que nenhum membro da liderança do estúdio (incluindo Fleming) entrou em contato com ela antes da dispensa. A polêmica revela o impacto crescente das redes sociais nas relações profissionais dentro da indústria de games, levantando discussões sobre postura corporativa, liberdade de expressão, segurança dos funcionários e responsabilidade pública de grandes marcas do setor.
