Obsidian reforça compromisso criativo e descarta uso de IA generativa em The Outer Worlds 2

Obsidian reforça compromisso criativo e descarta uso de IA generativa em The Outer Worlds 2

Decisão do estúdio contrasta com a tendência da indústria e reforça postura centrada em autoria humana


A Obsidian Entertainment reafirmou publicamente que The Outer Worlds 2 foi desenvolvido sem qualquer uso de inteligência artificial generativa. A declaração também se estende a todos os demais projetos recentes do estúdio e revela uma diretriz interna clara que vai na direção oposta ao movimento crescente da indústria de jogos. A informação foi detalhada em uma entrevista com os principais responsáveis pelos projetos mais recentes da empresa. Josh Sawyer, diretor de design, explicou que nenhuma ferramenta de IA foi utilizada na construção narrativa ou na roteirização de The Outer Worlds 2. Segundo ele, o estúdio mantém um compromisso absoluto com processos criativos tradicionais, que incluem colaboração humana, discussão interna e produção manual de diálogos e estruturas de história.

Leonard Boyarsky, diretor criativo do jogo, reforçou o posicionamento ao afirmar que a tecnologia não foi aplicada em nenhum aspecto do desenvolvimento e destacou que sua visão sobre o uso de IA mudou drasticamente ao longo dos anos. Ele comentou que já acreditou no potencial da ferramenta para escrever roteiros, mas hoje considera a ideia incompatível com os valores criativos da Obsidian. Boyarsky compartilhou até mesmo uma reflexão pessoal ao afirmar que, se pudesse voltar no tempo, repreenderia seu eu passado por ter defendido um conceito que agora rejeita. Sua declaração reflete uma preocupação crescente dentro do estúdio em preservar a voz autoral de seus projetos, especialmente em um ano em que a Obsidian entregou três grandes lançamentos: The Outer Worlds 2, Avowed e Grounded 2.

Um cenário que contrasta com a realidade da indústria atual

A decisão da Obsidian se distancia do que muitas empresas vêm implementando nos últimos anos. Ferramentas de inteligência artificial têm sido adotadas de forma crescente para acelerar tarefas artísticas, criar materiais secundários e reduzir custos de produção. Um caso recente envolveu a Activision, que recebeu críticas após a revelação de que cartões de visita de Call of Duty: Black Ops 7 foram produzidos com IA. O episódio gerou debates sobre a substituição de profissionais e sobre o impacto da automação em processos tradicionalmente dependentes de criatividade humana. Estúdios que adotam ferramentas de IA frequentemente justificam a prática com argumentos de eficiência, mas na maioria das vezes a motivação está associada à economia de recursos. O posicionamento da Obsidian demonstra uma escolha deliberada de manter a autoria humana no centro de seus projetos, mesmo em um contexto de pressão econômica e prazos competitivos.

A ausência de IA generativa no processo de criação de The Outer Worlds 2 surge como uma peça fundamental na construção da identidade da Obsidian enquanto estúdio. A empresa parece apostar na consistência artística, na profundidade narrativa e no desenvolvimento humano de suas ideias, elementos que historicamente definem suas produções. Ao se afastar da automação criativa, o estúdio reforça uma visão de desenvolvimento que privilegia originalidade, método e controle autoral, mesmo que isso signifique um esforço maior em termos de tempo e investimento.

A posição adotada pela Obsidian destaca um contraste evidente entre uma indústria cada vez mais dependente de automação e um grupo de criadores que ainda enxerga o valor insubstituível da criação feita por pessoas. Essa escolha se torna ainda mais significativa em um momento em que a discussão sobre a presença da inteligência artificial em processos criativos atinge um dos pontos mais intensos da história recente dos videogames.