O universo de Prince of Persia ganha nova vida em formato roguelite pelas mãos da Evil Empire, estúdio que brilhou com Dead Cells (jogo que platinei e investi mais de 100 horas). Publicado pela Ubisoft e jogado no PS5, The Rogue Prince of Persia entrega diversão sólida, parkour viciante e boas ideias, mas ainda carece de fôlego para se destacar em um gênero já repleto de gigantes.
Parkour no ciclo da morte
A história é simples e serve apenas como pano de fundo para justificar as tentativas infinitas do jogador. O príncipe, após ver seu reino devastado pelos Hunos e tomado por magia negra, ganha a habilidade de voltar no tempo graças a um artefato. Cada morte o transporta de volta ao hub central, dando nova chance de avançar pelas áreas infestadas de inimigos.
Não há profundidade narrativa como em Hades, mas o game trabalha bem o ciclo roguelite: morrer, aprender e retornar mais preparado. As quests espalhadas pelos mapas oferecem algum frescor, ainda que o enredo não seja o ponto alto da experiência.

Progressão e desafios
Durante as runs, o jogador coleta Soul Cinders, usados para desbloquear armas e medalhões permanentes. O sistema traz aquele risco-recompensa gostoso: bancar o recurso em altares ou arriscar perdê-lo ao morrer. A progressão, no entanto, perde gás rápido — depois de algumas runs, já há pouco a liberar. O skill tree também é morno, mais utilitário do que criativo.
O que dá vida extra ao jogo são os Awakenings, modificadores de dificuldade que permitem calibrar os desafios e ampliar as recompensas. Foi nessa fase que senti o jogo realmente brilhar, equilibrando a curva de dificuldade e mantendo a vontade de refazer runs.

Mecânicas que brilham em movimento
O grande trunfo de The Rogue Prince of Persia está na movimentação. Wallruns, pulos encadeados, corridas em ritmo acelerado e até corridas contra tentáculos demoníacos criam um fluxo viciante. O jogo entrega todas as ferramentas de movimento logo de início, cabendo ao jogador dominá-las com precisão. No PS5, a fluidez impressiona, e completar áreas inteiras sem errar um salto passa aquela sensação de flow que só bons platformers conseguem transmitir.
Já o combate, apesar de variado, peca em consistência. Há várias armas e sub-armas para experimentar, mas alguns golpes soam desengonçados ou empurram os inimigos para longe, quebrando combos. Não chega a comprometer, mas fica claro que o movimento tem mais polimento que a parte de luta.

Visual simples, mas eficiente
Visualmente, o título aposta em um estilo cartunesco e colorido que lembra HQs europeias, mas nem sempre acerta. Em cenários iluminados, a arte funciona bem, transmitindo leveza e carisma. Porém, em ambientes sombrios, a simplicidade dos gráficos pesa, dando a impressão de um projeto menos ambicioso do que poderia ser – principalmente quando lembramos de jogos da própria franquia que já exploraram ambientes mais grandiosos.
Ritmo e dificuldade
O nível de desafio é justo. Não chega a ser um roguelike punitivo como Returnal, mas também não entrega facilidade. Existe aquele equilíbrio saudável: cada morte ensina, cada run tem pequenas recompensas, e a progressão do jogador se dá tanto por upgrades quanto pela habilidade adquirida com prática.
Em termos de conteúdo, é um jogo relativamente curto. Em cerca de 20 a 30 horas é possível ver tudo o que ele oferece, incluindo armas, quests e bosses. Para quem busca apenas algumas runs descompromissadas, isso pode ser o ideal; para fãs hardcore de roguelites, talvez soe raso.

Vale a pena?
The Rogue Prince of Persia não reinventa o gênero e nem supera os gigantes com quem divide espaço. Mas também não decepciona. Ele se apoia em uma movimentação deliciosa, algumas ideias criativas em quests e um desafio calibrado. Por outro lado, a simplicidade dos gráficos e a falta de identidade mais marcante impedem que o game brilhe de verdade.
No fim, é uma boa opção para quem gosta do gênero e quer experimentar uma releitura leve da franquia Prince of Persia. Mas dificilmente será lembrado como um dos grandes nomes do gênero.
Agradecemos à Ubisoft Brasil pela gentileza de disponibilizar a chave para review. A análise foi realizada na versão de PS5.