O sucesso de Clair Obscur reacende o debate: será que os jogos AA podem redefinir o futuro da indústria?
Lançado em abril, o RPG francês Clair Obscur: Expedition 33 se tornou uma das maiores surpresas recentes da indústria. Desenvolvido pela Sandfall Interactive, o título conquistou a crítica com seu sistema de combate baseado em turnos, alcançou vendas expressivas e chegou a ser elogiado até pelo presidente da França.
O que torna esse sucesso ainda mais notável é o contexto: o jogo foi criado por uma equipe principal de apenas 32 pessoas, com um orçamento modesto em comparação às superproduções AAA. Esse feito reacendeu o debate sobre o espaço dos chamados jogos AA, especialmente em um mercado saturado por blockbusters cada vez mais parecidos.
A “fadiga de conteúdo” e a busca por novas ideias
Em entrevista à GamesIndustry (via GamesRadar), o ex-CEO da PlayStation Shawn Layden reforçou a importância dos projetos AA como uma resposta à estagnação criativa.
“Quem realmente consegue diferenciar 90 de 120 quadros por segundo? Acho que chegamos a um ponto crítico com a tecnologia. A indústria está sofrendo de uma fadiga de conteúdo, e tanto jogadores quanto desenvolvedores querem novas ideias.”
-afirmou.
Segundo Layden, produções de médio porte permitem mais liberdade criativa e menos pressão financeira, criando um ambiente ideal para inovação.
“Fazemos a mesma coisa há tanto tempo que é natural começar a se perguntar: não poderíamos fazer diferente?.”
-completou.
Criatividade acima do fotorrealismo
Para Layden, não é necessário reinventar a roda. Muitas vezes, gêneros consagrados podem ser revitalizados de maneiras criativas — como Astro Bot fez com os jogos de plataforma ou Clair Obscur: Expedition 33 fez com os RPGs.
“Tudo o que é antigo pode se tornar novo outra vez. Se você tem a história certa, o cenário certo e personagens marcantes, tudo funciona. O futuro está na criatividade, não na busca interminável pelo fotorrealismo.”
-destacou.
Ele acredita que veremos um renascimento dos jogos AA, trazendo diversidade e frescor à indústria.
Uma visão compartilhada
A própria Sandfall Interactive defende essa ideia. Em entrevista recente, Guillaume Broche, CEO do estúdio e diretor de Clair Obscur, afirmou que os AA representam o futuro:
“Com os custos de desenvolvimento cada vez mais altos, veremos cada vez mais empresas como a nossa apostando nesse espaço.”
Essa visão também é compartilhada por outro veterano da PlayStation, Shuhei Yoshida, que em maio destacou a importância de encontrar o “equilíbrio perfeito entre ambição AAA, orçamento AA e visão independente” como caminho ideal para o futuro dos games.
Fonte: GamesIndustry / GamesRadar