A era das megaproduções bilionárias pode estar próxima do fim. É o que afirma Obbe Vermeij, ex-diretor técnico da Rockstar North, estúdio responsável por franquias como Grand Theft Auto e Red Dead Redemption. Em entrevista recente, Vermeij sugeriu que GTA 6, previsto para 2025, poderá ser o último jogo da série com escala e orçamento colossais, graças ao avanço da Inteligência Artificial.
“Nunca teremos um jogo maior que GTA 6”, afirma ex-Rockstar Games
Segundo Vermeij, a atual geração de títulos AAA atingiu um limite técnico e financeiro, e as ferramentas de IA devem mudar radicalmente a forma como jogos são produzidos.
“Provavelmente nunca teremos um jogo mais caro e maior que GTA 6, porque muitas coisas serão tomadas pela IA — quer a gente deseje isso ou não”, declarou o desenvolvedor, que trabalhou por mais de uma década na Rockstar North.
Ele argumenta que, em cerca de cinco anos, grandes áreas de produção, como design de ambientes, criação de cutscenes e modelagem de personagens, poderão ser automatizadas, reduzindo drasticamente a necessidade de enormes equipes criativas e meses de trabalho manual.
Oportunidade ou risco? O dilema da IA na indústria
A fala de Vermeij levanta um debate que já preocupa profissionais do setor: a substituição de talentos humanos por soluções automatizadas. Se, por um lado, a IA pode permitir jogos mais baratos e rápidos de produzir, por outro, ameaça a diversidade criativa, a originalidade e até a sustentabilidade de carreiras na indústria.
O uso massivo da tecnologia também traz o risco de homogeneização das experiências, com títulos cada vez mais similares em estrutura e linguagem visual. Ainda assim, para grandes publishers, reduzir os riscos financeiros e aumentar a margem de lucro são fatores cada vez mais determinantes.
E o futuro da Rockstar?
Famosa por reinventar a indústria a cada lançamento, a Rockstar Games poderá ser o exemplo mais emblemático dessa transição. Enquanto GTA 6 promete ser o jogo mais caro e ambicioso da história dos games, as expectativas para GTA 7 — se seguir a lógica prevista por Vermeij — serão completamente diferentes.
Resta saber se a IA será usada como aliada criativa, elevando o potencial artístico dos jogos, ou se se tornará apenas uma ferramenta de corte de custos e redução de mão de obra. De qualquer forma, a era das superproduções como conhecemos hoje pode estar com os dias contados.