A Nintendo confirmou que não haverá análises antecipadas do Nintendo Switch 2. A decisão, segundo um porta-voz da empresa, se deve ao fato de que “recursos e atualizações importantes” do console só estarão disponíveis a partir de uma atualização de sistema prevista para o dia 5 de junho, data oficial de lançamento do novo hardware.
A medida surpreendeu o setor e foi detalhada em um editorial do site Video Games Chronicle (VGC), que critica a falta de acesso prévio da imprensa ao console e a seus títulos de estreia, como Mario Kart World e Switch 2 Welcome Tour — algo que tradicionalmente ocorreu em eventos presenciais de lançamentos anteriores, como no caso do Wii.
A decisão e suas consequências
Não foi esclarecido quais recursos estarão ausentes antes do patch do dia 1, nem por que a Nintendo optou por não confiar que a imprensa especializada poderia testar o produto mesmo ciente de eventuais limitações temporárias — uma prática comum na indústria de jogos nos últimos anos. Como resultado, nenhum veículo terá acesso antecipado para avaliar o desempenho de hardware, a duração da bateria, o sistema de Game Chat ou os testes de retrocompatibilidade com títulos do primeiro Switch.
Para os leitores, isso significa que no dia do lançamento não haverá análises de software, avaliações técnicas ou recomendações sobre jogos menos conhecidos — um cenário que pode comprometer a tomada de decisão do consumidor.
Impacto para estúdios e imprensa
Mais de 20 jogos de lançamento de estúdios terceirizados também ficarão sem cobertura editorial no primeiro dia. De acordo com o VGC, várias editoras tentaram obter informações com a Nintendo sobre quando receberiam as unidades de análise e algumas inclusive consideraram adiar seus lançamentos após perceberem que não teriam qualquer visibilidade garantida na imprensa.
Além disso, o lançamento do Switch 2 coincide com o Summer Game Fest — um dos maiores eventos do calendário de games — o que sobrecarrega ainda mais as redações, que precisarão dividir atenção entre o evento e os testes do novo console, comprometendo a profundidade e o timing das coberturas.
Motivações e especulações
Embora não haja uma justificativa oficial detalhada, especula-se que a Nintendo esteja priorizando o controle de vazamentos. A decisão pode ter sido motivada por receios de que o console vaze ou seja testado de forma incompleta antes do patch final. De fato, há relatos de que unidades de pré-lançamento estão bloqueadas até a atualização do sistema.
Historicamente, a Nintendo tem sido receptiva à imprensa e costuma fornecer software com semanas de antecedência, o que torna a postura atual destoante. O VGC também relatou experiências positivas recentes com os jogos de estreia, como Mario Kart World, o que indica que a empresa não parece temer reações negativas ao conteúdo em si.
Uma má imagem em um momento sensível
A falta de transparência ocorre em um momento delicado para a Nintendo. O preço de US$ 80 para jogos de estreia do Switch 2 gerou críticas, assim como o aumento no uso de Cartões-Chave de Jogo — que preocupam colecionadores — e o silêncio frequente sobre os desenvolvedores por trás de seus títulos.
A ausência de cobertura prévia traz à tona lembranças negativas na indústria, como o caso de Cyberpunk 2077, cujas versões para consoles foram ocultadas da imprensa até o lançamento, resultando em grande frustração dos consumidores. Também remete à breve política da Bethesda de não liberar cópias antecipadas, que impactou negativamente o alcance de títulos como Prey e Dishonored 2.
Um risco calculado
Para a Nintendo, os riscos parecem mínimos. As unidades iniciais do Switch 2 devem esgotar rapidamente entre os primeiros compradores, independentemente das críticas — grupo geralmente menos influenciado por análises. Para a imprensa, porém, é um momento difícil, especialmente em meio à retração de receitas e à crescente dependência de financiamento por leitores via plataformas como o Patreon.
O lançamento do Switch 2, sem reviews no dia 1, inaugura um novo capítulo na relação entre fabricantes, imprensa e consumidores — um que levanta questionamentos importantes sobre confiança, controle de informação e o papel do jornalismo especializado no cenário atual dos games.
Fonte: VGC