Shooter de extração da Bungie chega em março de 2026 com mudanças gráficas significativas e uma visão criativa que nasceu longe do gênero atual
Após um adiamento estratégico, a Bungie se prepara para lançar Marathon em março de 2026, e o tempo adicional de desenvolvimento já começa a mostrar resultados claros. O estúdio divulgou recentemente um novo vídeo comparando o estado do jogo durante a fase Alpha com sua versão atual, revelando uma evolução visual expressiva e reforçando a ambição do projeto como o próximo grande passo da Bungie fora do universo de Destiny. No material divulgado, a diferença gráfica é imediata. A iluminação foi completamente retrabalhada, resultando em cenários mais coerentes, atmosferas mais densas e um uso mais sofisticado de luz e sombra.
O ganho não se limita ao realismo técnico, mas também ao impacto artístico: ambientes agora transmitem melhor a sensação de perigo, abandono e mistério que definem o mundo de Marathon. Texturas mais refinadas, melhor leitura visual em áreas abertas e fechadas e uma paleta de cores mais consistente ajudam a reforçar a identidade sci-fi do jogo. A Bungie deixou claro que esse período extra não foi apenas para correções pontuais, mas para uma revisão profunda da apresentação visual e da experiência geral.
Uma Inspiração Que Ninguém Esperava
Além das melhorias gráficas, Marathon voltou aos holofotes por um motivo curioso: suas origens criativas não estão nos shooters de extração modernos, como Escape from Tarkov ou Hunt: Showdown, como muitos jogadores imaginavam. Christopher Barrett, ex-diretor do projeto, revelou que a principal inspiração inicial veio de Dark Age of Camelot, um MMO clássico lançado em 2001 e conhecido por seu mundo persistente, conflitos entre facções e forte interação social entre jogadores.
“A inspiração original não era Tarkov ou os extraction shooters, mas sim Dark Age of Camelot”, explicou Barrett. “Queríamos criar uma experiência envolvente em um mundo vivo, repleta de histórias cooperativas entre jogadores, com o potencial perigo derivado da presença de outros usuários.”
Segundo Barrett, a mecânica de extração surgiu apenas mais tarde, não como o coração conceitual do jogo, mas como uma solução prática de design. O objetivo era criar ciclos de gameplay de cerca de 15 minutos, oferecendo aos jogadores múltiplas oportunidades de sucesso ou fracasso em sessões curtas, sem exigir longos períodos de compromisso. Na visão original, Marathon seria construído sobre pilares como:
- Servidores persistentes, onde o mundo evoluiria constantemente
- Eventos emergentes guiados pelos próprios jogadores
- Forte foco em narrativas orgânicas e histórias únicas
- Elementos de sobrevivência mais pesados, como membros quebrados, equipamentos danificados e tanques de gás com vazamentos
- Um mundo verdadeiramente vivo, onde decisões coletivas moldariam a experiência
Essa abordagem aproximava Marathon muito mais de um MMO experimental do que de um shooter de extração tradicional.
Mudanças De Direção E Nova Identidade
Após vários adiamentos e mudanças internas, Marathon acabou seguindo um caminho diferente da visão original de Barrett. A versão atual do jogo abandona os servidores persistentes em favor de raids com tempo limitado, além de incorporar elementos mais claros de hero shooter, com habilidades específicas para cada Runner. Apesar disso, algumas ideias do conceito inicial ainda sobreviveram e podem ser percebidas na versão atual, como:
- Chat de proximidade, incentivando interações espontâneas
- Encontros PvE mais imprevisíveis e perigosos
- Ênfase em tensão social e risco constante causado por outros jogadores
Barrett optou por não comentar sobre a atual direção do projeto sob a liderança da nova equipe da Bungie, mas reconheceu que certos elementos fundamentais ainda carregam o DNA da proposta original. Em Marathon, os jogadores são lançados em um cenário carregado de mistério. Uma enorme nave fantasma paira em órbita baixa sobre uma colônia perdida em Tau Ceti IV. As 30.000 pessoas que habitavam o local desapareceram sem deixar vestígios, e sinais estranhos apontam para artefatos desconhecidos, uma IA antiga adormecida e riquezas capazes de mudar destinos. O jogador assume o papel de um Runner, um mercenário cibernético que se aventura nesse ambiente hostil em busca de sobrevivência e fortuna.
Cada incursão carrega riscos elevados, e qualquer corrida pode significar tanto a ascensão à grandeza quanto uma derrota brutal. Após um desenvolvimento longo e cheio de ajustes, Marathon será lançado em março de 2026 para PC, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. A Bungie aposta que a combinação de refinamento técnico, identidade visual marcante e uma abordagem própria ao gênero de extração será suficiente para destacar o jogo em um mercado cada vez mais competitivo. Resta saber se a versão final conseguirá equilibrar a visão original ambiciosa com as exigências modernas do gênero, mas uma coisa é certa: Marathon não nasceu para ser apenas “mais um” extraction shooter.
