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RPG de ação se torna fenômeno cultural, aumenta receitas históricas em Shanxi e aproxima o público jovem do patrimônio chinês
O impacto de Black Myth: Wukong está ultrapassando com folga as fronteiras do entretenimento digital. Desde o lançamento do RPG de ação desenvolvido pela Game Science, o jogo passou a influenciar diretamente o turismo na China, transformando jogadores em visitantes reais e movimentando a economia local, especialmente na província de Shanxi, que serviu de inspiração para diversas locações presentes no título. Durante a China Game Industry Annual Conference, executivos do setor de turismo apresentaram dados que evidenciam a dimensão do fenômeno. Segundo Qingping Gao, CEO de uma organização turística da província, o jogo recria com alto nível de fidelidade 27 locais históricos de Shanxi, despertando o interesse de fãs em conhecer pessoalmente os cenários vistos no game.
Os reflexos econômicos foram quase imediatos. Apenas dois meses após a chegada de Black Myth: Wukong ao mercado, a receita gerada com a venda de ingressos para os pontos turísticos retratados no jogo ultrapassou 160 milhões de yuans, o equivalente a cerca de US$ 22,7 milhões. O crescimento não se limitou aos locais históricos: setores como hotelaria, restaurantes, transporte e comércio local também registraram forte aquecimento, impulsionados pelo aumento do fluxo de visitantes. O interesse crescente também ficou evidente no ambiente digital. As buscas online por “turismo em Shanxi” registraram um aumento anual de 3178%, enquanto conteúdos relacionados ao tema ultrapassaram 40 bilhões de visualizações nas redes sociais chinesas. De acordo com Gao, parte essencial desse sucesso veio da resposta rápida de governos locais e entidades turísticas, que criaram campanhas, roteiros temáticos e ações promocionais focadas no público atraído pelo jogo.
Exposição artística bate recordes e atrai jovens
O impacto cultural de Black Myth: Wukong não se restringiu ao turismo tradicional. Entre abril e julho deste ano, uma exposição artística dedicada ao jogo foi realizada no Museu de Arte da Academia Chinesa de Arte, em Hangzhou, e acabou se tornando um dos maiores sucessos de público da instituição. Inicialmente planejada para durar 40 dias, a mostra precisou ser estendida para 108 dias devido à demanda inesperadamente alta. Mesmo com um limite diário entre 4.000 e 6.000 visitantes, a exposição recebeu cerca de 450.000 pessoas ao longo de três meses e meio. Segundo Xuejun Xuan, curador da exposição, o perfil do público chamou atenção. Aproximadamente 80% dos visitantes tinham menos de 18 anos, e mais da metade afirmou que aquela era sua primeira visita a uma exposição de arte, um dado que reforça o papel do jogo como porta de entrada para o interesse cultural e artístico.
O caso de Black Myth: Wukong ilustra de forma clara como uma propriedade intelectual dos videogames pode gerar impacto econômico, turístico e educacional. Ao traduzir mitos, arquitetura e paisagens históricas em uma experiência interativa de alto nível, o jogo conseguiu aproximar o público jovem de elementos do patrimônio cultural chinês, algo que museus e instituições tradicionais frequentemente enfrentam dificuldades para alcançar. Mais do que um sucesso comercial, Black Myth: Wukong se consolida como um exemplo de como os games podem atuar como ferramentas de valorização cultural, criando conexões entre o mundo digital e o real, e redefinindo a forma como novas gerações se relacionam com história, arte e turismo.