Tecnologia baseada em inteligência artificial promete adaptar conteúdos sensíveis em tempo real e pode chegar a PlayStation, Xbox e plataformas da Nintendo
A Sony registrou uma nova patente que descreve uma ferramenta avançada de censura baseada em inteligência artificial, com potencial para transformar a forma como conteúdos sensíveis são apresentados nos jogos eletrônicos. A tecnologia não estaria limitada apenas ao PlayStation 5 ou ao futuro PlayStation 6, podendo também ser aplicada em consoles concorrentes, como Xbox e dispositivos da Nintendo, caso venha a ser adotada de forma ampla pela indústria. De acordo com o documento, o sistema foi projetado para adaptar jogos a diferentes perfis de público, permitindo que crianças, adolescentes ou jogadores mais sensíveis evitem determinados tipos de conteúdo. O funcionamento seria totalmente automatizado, com a IA analisando áudio e vídeo em tempo real e aplicando filtros conforme as preferências definidas pelo próprio usuário antes ou durante a jogatina.
A patente, registrada pela Sony Interactive Entertainment em 9 de dezembro, detalha que a inteligência artificial seria capaz de identificar uma ampla variedade de elementos considerados sensíveis. Entre eles estão linguagem ofensiva, violência explícita, nudez, temas sexuais, consumo de álcool e outras situações potencialmente inadequadas, dependendo do perfil do jogador. Uma vez identificado esse conteúdo, o sistema poderia agir de diferentes formas. As opções incluem silenciar diálogos, desfocar imagens, ocultar completamente determinadas cenas ou até substituir elementos específicos por versões alternativas geradas por IA. O documento menciona inclusive o uso de tecnologias semelhantes a deepfakes, capazes de criar variações visuais ou sonoras que preservem a continuidade do jogo sem expor o jogador ao conteúdo original.
Personalização total da experiência de jogo
Segundo a descrição oficial, o grande diferencial da ferramenta é a personalização da experiência audiovisual. O jogador teria controle total sobre quais tipos de conteúdo deseja filtrar, ajustando parâmetros de acordo com suas preferências pessoais, idade ou contexto de uso. A patente descreve a utilização de um segundo processador dedicado, responsável exclusivamente por aplicar as alterações em tempo real, garantindo que apenas os elementos selecionados sejam modificados. Isso permitiria que o restante da experiência permanecesse intacto, evitando impactos no desempenho ou na jogabilidade.

Um dos pontos mais chamativos do registro é a indicação de que o sistema não seria exclusivo do ecossistema PlayStation. A Sony afirma que a tecnologia foi pensada para ser compatível com os principais ambientes computacionais, o que abre espaço para sua implementação em Xbox, consoles da Nintendo, PCs e até serviços de streaming de jogos. Na prática, isso poderia levar grandes lançamentos AAA a oferecer opções avançadas de censura diretamente no jogo, algo muito mais sofisticado do que os tradicionais filtros de linguagem ou classificações indicativas atuais. Para famílias, isso representaria mais controle. Para desenvolvedores, uma nova forma de tornar seus jogos acessíveis a públicos mais amplos.
Benefícios para streamers e criadores de conteúdo
Além do uso doméstico, a tecnologia também pode ter um impacto significativo no cenário de streaming e criação de conteúdo. Streamers frequentemente enfrentam restrições severas em plataformas como Twitch e YouTube, que penalizam transmissões com violência excessiva, nudez ou linguagem imprópria. Com esse sistema, seria possível adaptar automaticamente o conteúdo exibido, reduzindo riscos de punições, bloqueios ou desmonetização, sem a necessidade de cortes manuais ou atrasos na transmissão. Outro recurso descrito na patente é a presença de avisos antecipados sobre cenas sensíveis, exibidos tanto antes quanto durante o gameplay. Nesses momentos, o jogador poderia decidir se deseja remover completamente a cena, substituí-la por uma alternativa ou ajustar os filtros ativos, tudo de forma dinâmica.
Apesar do registro da patente, é importante destacar que isso não garante que a tecnologia será implementada em produtos comerciais. Ainda assim, o documento revela uma visão clara da Sony sobre o futuro da personalização de conteúdo nos jogos e levanta debates importantes sobre censura, liberdade criativa e controle do usuário dentro da indústria.
