Coletivo No Games For Genocide lança campanha de boicote ao Xbox

Coletivo No Games For Genocide lança campanha de boicote ao Xbox

Movimento BDS convoca jornalistas, desenvolvedores, streamers e consumidores contra a Microsoft


O coletivo No Games For Genocide anunciou uma campanha oficial de boicote ao Xbox, convidando profissionais da indústria de jogos, mídia especializada e consumidores a aderirem ao movimento BDS (boicote, desinvestimento e sanção) contra a Microsoft. O grupo acusa a gigante de tecnologia de colaborar com ações militares israelenses contra o povo palestino, mesmo após a empresa ter interrompido parte de seus serviços de nuvem utilizados para vigilância em massa por uma unidade das Forças de Defesa de Israel. Sara Khan, cofundadora da Game Assist e uma das organizadoras do No Games For Genocide, explicou que a indústria de games se encontra na interseção entre entretenimento e tecnologia, com múltiplas conexões materiais com o conflito em curso.

“Alguns de nós realmente queriam nos organizar em torno disso e mobilizar pessoas dentro da indústria para dizer ‘não queremos esses laços’ e encontrar uma maneira de superá-los“, afirmou Khan, destacando a necessidade de ação coletiva.

SIGN OUR BOYCOTT XBOX PLEDGE: We are asking gamers, game workers, streamers & journalists to join us in boycotting & divesting from Xbox, to force Microsoft to end its complicity in the genocide of Palestinians.We’ve provided concrete actions everyone can take. Sign here: nogamesforgenocide.com

No Games For Genocide (@nogamesforgenocide.com) 2025-12-02T16:00:16.473Z

Ações propostas pela campanha

A campanha vai além de simples petições, incentivando diferentes formas de engajamento. Entre as ações recomendadas pelo coletivo estão:

  • Evitar a compra de produtos Microsoft ou Xbox;
  • Streamers não devem transmitir jogos publicados pelo Xbox;
  • Jornalistas devem suspender a cobertura de títulos do Xbox;
  • Desenvolvedores devem pressionar editoras para não publicar seus jogos nas plataformas Microsoft.

Khan reconhece que as demandas são desafiadoras, especialmente em um momento de instabilidade no mercado de trabalho da indústria, mas reforça que a força coletiva é essencial para dar impacto às ações. Entre os signatários da campanha estão o canal de investigação do YouTube People Make Games e o estúdio de propriedade dos trabalhadores Soft, Not Weak. Apesar disso, a maioria das adesões vem de consumidores, que têm maior flexibilidade para participar imediatamente. Questionada sobre o recente cessar-fogo entre Israel e Palestina e a atualização da Microsoft em setembro de 2025, que confirmou a interrupção de serviços para uma unidade do Ministério da Defesa de Israel, Khan ressaltou a posição oficial do BDS:

“A Microsoft continua sendo um pilar tecnológico fundamental no regime de apartheid de Israel e em seu genocídio em Gaza. Ela continua equipando o exército, o governo e as prisões israelenses com a tecnologia usada para cometer crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.”

A Microsoft respondeu que “trata alegações sobre nossa tecnologia com seriedade. Como indicamos em nosso blog, realizamos uma revisão contínua dessas alegações”, mas não comentou diretamente sobre o boicote ou o movimento BDS. A campanha do No Games For Genocide marca um ponto de tensão crescente entre a indústria de jogos e debates éticos globais, mostrando como decisões corporativas em tecnologia podem gerar impactos e protestos além do mercado tradicional de games.