“Rocket League Is Dead”: protestos ganham força enquanto a experiência do jogo atinge seu pior momento

“Rocket League Is Dead”: protestos ganham força enquanto a experiência do jogo atinge seu pior momento

Bots, DDoS, smurfs e falta de atualizações colocam a comunidade em crise e levantam dúvidas sobre o futuro do clássico da Psyonix


Rocket League, um dos jogos multiplayer mais populares da última década, está atravessando uma das fases mais turbulentas desde seu lançamento em 2015. O título da Psyonix, que se tornou gratuito após ser adquirido pela Epic Games em 2019, vive uma combinação de problemas técnicos e abandono percebido pela comunidade, levando jogadores a protestarem sob a hashtag e slogan “Rocket League Is Dead”. Embora o jogo ainda reúna números impressionantes de atividade, um sentimento crescente de frustração domina veteranos e novos jogadores. E, segundo eles, a situação nunca foi tão crítica. A principal fonte de insatisfação é a presença massiva de bots ilegítimos nas partidas ranqueadas. Esses bots não têm relação com a IA oficial do jogo, ao contrário, são ferramentas externas criadas para automatizar jogadas, manipular o matchmaking ou simplesmente impedir que outras pessoas joguem de forma justa.

O fenômeno é especialmente grave em ranks altos. Jogadores de Grand Champion e Supersonic Legend relatam que praticamente toda partida tem pelo menos um bot, tornando impossível competir de maneira legítima. Em alguns casos, quando um jogador reconhece que o adversário está usando um bot, ele simplesmente abandona a partida, perpetuando um ciclo tóxico de desistências, punições e frustração. A inteligência artificial não-oficial evoluiu tanto que alguns bots conseguem executar dribles, arremates e posicionamentos com precisão sobre-humana, algo que destrói completamente o equilíbrio competitivo.

DDoS vira ferramenta de trapaça: partidas sabotadas em segundos

Outro problema que se tornou comum são os ataques de negação de serviço (DDoS). Utilizando softwares específicos, trapaceiros conseguem:

  • aumentar artificialmente a latência dos adversários
  • cortar a conexão de jogadores específicos
  • gerar perda de pacotes somente para um dos times
  • forçar gols enquanto o time oposto fica literalmente sem controle do carro

Isso cria situações absurdas em que o time sabotado vê seus veículos “teletransportando”, o controle não responde e a bola simplesmente entra no gol sem qualquer possibilidade de defesa. A Psyonix lançou atualizações para tentar mitigar o problema, mas mesmo as novas medidas têm se mostrado insuficientes diante da criatividade dos trapaceiros e da falta de intervenções mais profundas na infraestrutura do game.

O uso de contas smurf (jogadores experientes criando contas novas para enfrentar iniciantes) se tornou outro ponto de revolta, especialmente nos ranks Bronze, Prata e Ouro. Para quem está aprendendo, enfrentar jogadores veteranos fingindo ser iniciantes destrói completamente a curva de aprendizado. E para quem leva o jogo a sério, isso cria distorções constantes no sistema de ranking, tornando impossível ter uma progressão estável. O matchmaking, antes considerado um dos melhores do gênero, hoje está entre as maiores reclamações da comunidade.

Comunidade pede Unreal Engine 5 e aponta “abandono” por parte da Epic

A frustração cresce também pela falta de conteúdo novo. Muitos jogadores apontam que o jogo não recebe uma atualização estrutural significativa há anos, mantendo o mesmo motor e os mesmos modos principais. Uma das demandas mais repetidas é a migração do Rocket League para a Unreal Engine 5, que permitiria:

  • melhorias tecnológicas profundas
  • novas físicas e interações
  • modos inéditos
  • maior estabilidade de conexão
  • atualização geral de gráficos e animações

A inconsistência entre a evolução de Fortnite (que recebeu inúmeras melhorias e até uma reestruturação completa) e o aparente estagnamento do Rocket League reforça a percepção de que o game foi abandonado pela Epic. Jogadores frequentemente citam que Fortnite recebe suporte constante, eventos, novas tecnologias e mudanças estruturais, enquanto Rocket League permanece praticamente intacto, mesmo sendo um dos maiores sucessos da empresa. Apesar das reclamações, Rocket League continua entrando diariamente entre os jogos mais jogados do mundo.

Segundo o site RLStats, o game ultrapassa 500 mil jogadores simultâneos nos horários de pico, um número impressionante para um título de quase dez anos de idade. Esse paradoxo (comunidade em crise, mas engajamento altíssimo) torna ainda mais chocante a lentidão na resolução dos problemas. Para muitos fãs, se a Epic e a Psyonix investissem no jogo com o mesmo empenho dedicado ao Fortnite, Rocket League poderia estar vivendo seu auge ao invés de sua maior turbulência.

Um momento decisivo para o futuro de Rocket League

A hashtag “Rocket League Is Dead” não representa um jogo morto, mas sim uma comunidade desesperada para que o título receba a atenção que merece. O game segue sendo um dos pilares do cenário competitivo e do entretenimento casual, mas está preso em uma espiral de problemas que ameaça sua longevidade. Se a Epic e a Psyonix não adotarem medidas estruturais (e rápidas) para lidar com bots, DDoS, smurfs e a falta de novidades, o desgaste pode se tornar irreversível. Por outro lado, o potencial para recuperação é enorme. O jogo permanece popular, amado e com uma base fiel. Agora, a grande pergunta é: a Epic está disposta a salvar o Rocket League?