Lucro acima da imaginação? Dan Houser acende alerta sobre o futuro dos videogames

Lucro acima da imaginação? Dan Houser acende alerta sobre o futuro dos videogames

Veterano da Rockstar alerta para o equilíbrio delicado entre lucro e inovação na criação de jogos


O cofundador da Rockstar, Dan Houser, voltou aos holofotes ao compartilhar uma visão nada ingênua sobre os rumos da indústria de jogos. Em entrevista ao Channel 4 e durante sua participação no programa Sunday Brunch, o criador por trás de gigantes como Red Dead Redemption 2 e inúmeros títulos de GTA refletiu sobre um cenário que, segundo ele, pode estar caminhando para uma encruzilhada delicada: a tensão entre lucro e criatividade.

Houser acredita que o setor corre o risco de se afastar da essência que torna os jogos memoráveis. Para ele, a busca incessante por retornos financeiros imediatos pode acabar sufocando a ousadia narrativa, a inovação e aquele brilho quase indomável que mantém o videogame vivo como forma de arte.

O criador reconhece que essa ameaça não é nova.

Sempre existe o risco de qualquer forma de arte comercial se desviar do seu propósito principal por causa do dinheiro”, afirmou (via GamesRadar).

Ainda assim, ele destaca que o terreno criativo permanece fértil, sustentado por equipes de desenvolvedores que continuam lutando para entregar experiências vibrantes e narrativas marcantes.

Ao imaginar o futuro, Houser não prega pessimismo total. Para ele, a indústria pode se dividir em dois caminhos — ambos capazes de prosperar: projetos movidos por ambição artística e aqueles orientados pelo mercado. E, de fato, ele observa que essas duas vertentes já convivem e alcançam sucesso em diferentes áreas do setor.

No entanto, suas palavras ressoam com as preocupações de muitos jogadores. Depois de anos de críticas ao foco exagerado em modelos de live service, o novo alvo de apreensão tornou-se a inteligência artificial. Artistas, devs e comunidades têm alertado para impactos negativos — e não sem motivo. A onda de demissões recentes na indústria, algumas atribuídas à adoção de IA para cortar custos, reforça o alerta de Houser. Paralelamente, grandes editoras anunciam abertamente que pretendem usar essas tecnologias para otimizar processos e aumentar lucros.

Tudo isso parece confirmar o temor central do veterano: se o mercado olhar exclusivamente para o caixa, o preço pode ser a alma dos jogos.

Fonte: GamesRadar