Por Introdução
Silent Hill f é uma reinvenção ousada da clássica franquia de terror psicológico, transportando os jogadores para o Japão rural dos anos 1960. Desenvolvido pela NeoBards Entertainment, o jogo abandona a névoa ocidental característica da série para abraçar o folclore japonês, com yokai e elementos culturais profundamente enraizados. O conceito central, “o belo no aterrorizante”, transforma a perfeição estética em uma inquietação profunda, criando uma experiência única que prioriza mistério, ação e conflitos visuais marcantes. Embora traga frescor à franquia, sua abordagem inovadora pode dividir opiniões entre os fãs que valorizam a fidelidade aos jogos originais.
Enredo
A narrativa complexa e envolvente de Silent Hill f centra-se em Hinako Shimizu, uma estudante do ensino médio que luta contra o ressentimento pela família e o medo de amadurecer. Após uma discussão, a cidade de Ebisugaoka é engolida por uma névoa sobrenatural e infestada por um monstro com trajes femininos orientais. Hinako desmaia e desperta no enigmático Santuário das Trevas, onde é manipulada por um homem mascarado para realizar rituais brutais. A trama se destaca por seus cinco finais desbloqueáveis, uma marca tradicional da série que incentiva múltiplas jogatinas e oferece espaço para interpretações variadas, agradando fãs que buscam profundidade e reflexão.
Jogabilidade
Diferente dos antecessores, Silent Hill f adota uma abordagem mais voltada para a ação, com ênfase em combates corpo a corpo que exigem estratégia e proximidade. A exploração em um mundo semi-aberto é gratificante, com diários e altares que enriquecem o folclore e a narrativa. Os quebra-cabeças, bem integrados, misturam lógica com elementos da cultura japonesa, como rituais envolvendo kanjis e lanternas, proporcionando desafios inteligentes e imersivos.
No entanto, o combate apresenta falhas. Embora eficaz contra inimigos isolados, ele se torna caótico e frustrante em confrontos com múltiplos adversários, especialmente nas fases finais, onde hordas de inimigos testam mais a paciência do que a habilidade. A tensão da evasão é um ponto forte, mas a repetitividade e o acúmulo de oponentes prejudicam a experiência.
Trilha Sonora
A trilha sonora é um dos grandes destaques do jogo. Akira Yamaoka, veterano da série, retorna para compor o Fog World, criando uma fusão magistral de beleza e horror com influências da cultura japonesa. Kensuke Inage, responsável pelo Santuário das Trevas, entrega uma trilha de tom ancestral, com ecos ambientais que intensificam o medo. A mixagem sonora é impecável: zumbidos, o rasgar de papel washi e sussurros de yokai tornam os silêncios tão ameaçadores quanto as explosões sonoras, elevando a imersão a outro patamar.
Desempenho e Visuais
Visualmente, Silent Hill f é impressionante. As florestas verdejantes, a névoa fantasmagórica e as vilas decrépitas criam uma “beleza assustadora”, reforçada por sombras realistas com ray tracing. No PS5 Pro, o jogo roda com fluidez em alta resolução, acima de 60 fps, embora travamentos raros em momentos intensos possam exigir reinicializações. Em outras plataformas, quedas leves de framerate são perceptíveis, mas não comprometem gravemente a experiência. A direção de arte, inspirada em fotografias reais da província de Gifu, é um ponto alto, embora um polimento técnico adicional fosse bem-vindo.
Conclusão
Silent Hill f revitaliza a franquia com uma imersão profunda no folclore japonês e no terror psicológico, oferecendo uma narrativa ramificada, múltiplos finais e uma protagonista feminina com agência. Apesar das falhas no combate e de pequenos problemas técnicos, a trilha sonora inovadora, os visuais consistentes e a história complexa entregam uma experiência de terror envolvente. Ideal para fãs que apreciam inovações no gênero e estão dispostos a relevar as limitações do gameplay em troca de uma trama profunda e assombrosa, o jogo promete abrir portas para novas explorações culturais na franquia.
Agradecemos à Konami pela gentileza de fornecer a chave para review.