Modelo se consolida como alternativa frente ao alto custo dos jogos tradicionais, mas especialistas discutem desafios de sustentabilidade
Os serviços de assinatura no setor de videogames registraram crescimento superior a 20% em relação ao ano passado, segundo dados compartilhados por Mat Piscatella, chefe do Circana Group (antiga NPD). O executivo comentou a tendência em resposta às recentes declarações de Pete Hines, ex-executivo da Bethesda, sobre o modelo do Xbox Game Pass e sua influência no mercado.
Expansão impulsionada pelo cenário econômico
De acordo com Piscatella, o avanço reflete o comportamento dos consumidores em meio às atuais pressões macroeconômicas.
“Os gastos do consumidor com serviços de assinatura estão crescendo a uma taxa de mais de 20% em relação ao ano passado. Muitos jogadores estão buscando (e encontrando) valor em assinaturas. E, considerando todas as outras condições macroeconômicas do mercado no momento, você pode culpá-los?”, declarou.
Com os preços unitários dos jogos em alta (especialmente nos grandes lançamentos, que chegam a custar até R$ 350 no Brasil), serviços como Xbox Game Pass, PlayStation Plus e EA Play oferecem acesso a catálogos extensos por um valor mensal fixo, tornando-se uma opção financeiramente mais atraente.
Um movimento já consolidado no entretenimento
A expansão dos modelos de assinatura nos games segue uma lógica já estabelecida em outros segmentos, como filmes, séries e música. Assim como a Netflix e o Spotify mudaram os hábitos de consumo de seus setores, as plataformas de jogos estão ampliando o acesso, permitindo que jogadores descubram novos títulos sem o peso de grandes investimentos individuais.
Além da economia, estudos apontam que o modelo aumenta o engajamento e a descoberta de novos gêneros, ajudando franquias menores a encontrarem público dentro de bibliotecas mais amplas.
O outro lado da moeda: sustentabilidade e riscos
Apesar dos números positivos, analistas destacam que o crescimento acelerado levanta questionamentos sobre a sustentabilidade financeira do modelo. Como os custos de desenvolvimento de jogos seguem em alta, a receita recorrente dos serviços precisa ser cuidadosamente equilibrada para garantir a viabilidade de estúdios de diferentes portes.
Outro desafio é evitar a saturação: assim como ocorreu em outros setores do entretenimento, o aumento de concorrentes e plataformas pode fragmentar o mercado e reduzir a conveniência para o consumidor.
As declarações de Piscatella reforçam que, mesmo em um contexto de inflação global e desaceleração em alguns segmentos de hardware, os serviços de assinatura se consolidam como uma estratégia de crescimento consistente para a indústria de games. Para muitos, trata-se de um modelo que não apenas acompanha as tendências do consumo digital, mas que também pode redefinir o futuro da distribuição de jogos.