Review – Mandragora: Whispers of the Witch Tree

Review – Mandragora: Whispers of the Witch Tree

Metroidvania com fortes elementos de soulslike. Mandrogora: Whispers of the Witch Tree é um jogo de ação e aventura com uma vibe gótica e misteriosa. Ele se passa numa vila esquecida no tempo, cercada por uma floresta densa e assombrada por lendas antigas.

A protagonista retorna à vila após muitos anos para investigar desaparecimentos estranhos e acaba envolvida em segredos sombrios ligados a uma árvore amaldiçoada conhecida como Árvore da Bruxa.

Nesta review, vou trazer minhas observações sobre o título e tentar te convencer a jogar essa obra de arte.


Lore e Ambientação

O título possui aquele climão sombrio, místico e com diversos cenários, e tudo começa a desandar quando uma árvore antiga e bizarra começa a sussurrar na sua cabeça. E esses sussurros não são fofocas, e sim premonições sombrias, maldições e memórias esquecidas. Você joga como uma Inquisidora que realiza missões em nome do Clérigo Rei, e já no início mostra que suas lembranças da infância são meio nebulosas (coincidência? Acho que não!), e tudo piora quando ela descobre que várias pessoas da vila estão sumindo misteriosamente.

A jogabilidade é em terceira pessoa, caminhando por cenários 2D com profundidade, o que me lembrou bastante os cenários de Limbo e Little Nightmares. A partir daí, começa a investigação e caça às bruxas, com a personagem explorando tanto o mundo físico quanto o plano espiritual chamado Entropia, que seria a causa inicial do quase-apocalipse no enredo.

A Entropia trouxe desgraça, fome, e criaturas perigosas ao plano terrestre. E para resolver, será necessário desvendar os puzzles, realizar escolhas que afetam a história e seu relacionamento com NPCs, e derrotar criaturas nada amigáveis. E conforme você se aprofunda, percebe que a tal Árvore da Bruxa está conectada a um antigo ritual e a um pacto sombrio que envolve a vila e tudo que você acredita (ou acreditava!).


 Gameplay e Mecânicas

A experiência de jogar Mandragora é lenta, imersiva e atmosférica. A ideia é ir desvendando a história aos poucos, enquanto o clima de tensão vai crescendo. O estilo de gameplay é focado principalmente em exploração, narrativa e resolução de quebra-cabeças. Você vai andar bastante pela vila, pela floresta, pelas minas e coletando pistas, interagindo com objetos e NPCs, descobrindo segredos escondidos.

Tem muitos puzzles inteligentes e interativos com a finalidade de liberar novas áreas ou resolver enigmas que fazem parte da narrativa. As decisões que você toma durante o jogo afetam o rumo da história. Diálogos com personagens influenciam os acontecimentos, seus relacionamentos com eles e até os vários finais possíveis.

Você navega entre sua realidade e a Entropia, onde algumas verdades distorcidas e memórias esquecidas aparecem. Essa transição é parte essencial da mecânica, pois revela caminhos e resoluções que não existem no mundo comum. Para acessar determinadas áreas do nosso plano, precisamos caminhar através da Entropia, e vice-versa.

O jogo trabalha com imersão e ambientação: sons estranhos, sussurros, mudanças sutis no cenário e momentos de tensão crescente sem depender totalmente do combate. Mas não se engane, o jogo tem muito combate entre bosses, mini bosses e mobs. Ele não é difícil no sentido tradicional. A dificuldade vem mais da atmosfera e dos enigmas do que de desafios mecânicos, na minha opinião.

Há também configurações de acessibilidade para aumentar ou diminuir o dano nos inimigos, custo de vigor, dano causado por inimigos, etc. que podem ser acessadas e alteradas em tempo real e a qualquer momento do jogo. O que me chamou bastante atenção, pois deixa o jogo acessível para os jogadores novos, casuais e heavy players do gênero. Ao derrotar inimigos e cumprir missões, você coleta essência e a usa para subir de nível e comprar itens especiais.

A árvore de habilidades é enorme, pois abrange as skills de várias classes. Entretanto, a partir de um certo nível, é possível desbloquear as habilidades de outras classes. Cada level upado te garante 1 ponto de talento, que será usado para desbloquear um atributo ou habilidade, seja ela ativa ou passiva. Caso morra, toda a essência coletada ficará no local do falecimento à espera de ser recuperado. Se morrer novamente, antes de coletar a essência inicialmente deixada, perderá tudo.

Recomendo upar sempre que puder. Além disso, há também outros elementos fortemente inspirados no gênero soulslike: o recurso da estamina; o uso de frascos para curar, buffar habilidades ou aplicar condições (sangramento, veneno, caos, etc) durante o combate e exploração; e o uso da Pedra da Bruxa, que é bem semelhante à bonfire, usada para evoluir o personagem, desbloquear viagens rápidas (que podem ser feitas em tempo real!), e consequentemente respawnar os inimigos.

Existem seis classes jogáveis: Guerreiro, Piromante, Mago, Assassino, Druida e Clérigo. Cada classe oferece um estilo de combate único e habilidades distintas. O Guerreiro é focado em combate corpo a corpo, com um uppercut que causa sangramento.

O Piromante é um conjurador ofensivo especializado em ataques de fogo. O Mago é um mestre em magia caótica (Caos), capaz de causar dano por segundo com seus ataques. O Assassino é ágil e furtivo que utiliza adagas envenenadas e ataques à distância (Olha a minha classe aí!). O Druida é um controlador natural capaz de invocar raízes para imobilizar inimigos e se transformar em feras (Selvagem). E por fim, o Clérigo, que é um guerreiro sagrado que utiliza ataques em área e habilidades divinas.


Gráficos e Direção de Arte

O estilo visual é um dos pontos mais marcantes do jogo, em 2.5D desenhado à mão, com um toque de ilustração gótica e arte conceitual melancólica. A paleta de cores é dominada por tons terrosos, frios e acinzentados, contrastes de luz e sombra pra criar tensão e tem elementos em vermelho, e púrpura e dourado em momentos sobrenaturais.

A vila é retratada com casas antigas e decadentes, vegetação engolindo construções, tudo com aquele ar de “tempo parado”. A floresta é quase um personagem à parte, sendo ela cheia de névoa, galhos retorcidos, olhos no escuro e árvores que sussurram.
Quando você entra no mundo espiritual, o cenário muda pra algo mais simbólico: formas distorcidas, espaços flutuantes, símbolos ancestrais e arquitetura que desafia a lógica.

Os NPCs têm traços expressivos e levemente estilizados, como se fossem marionetes delicadas, com olhos fundos e gestos suaves. Efeitos de partículas como cinzas, folhas, sussurros visuais e luzes flutuantes reforçam o tom sobrenatural do jogo. O título parece uma ilustração viva, com texturas de papel, carvão e tinta, o que dá um charme artesanal incrível. Não é realista, mas é altamente imersivo por causa da direção de arte consistente e muito expressiva.


Áudio e Trilha Sonora

Tem sons ambientais super detalhados: galhos estalando, sussurros ao fundo, vento passando entre as árvores, passos abafados na terra úmida. O silêncio também é usado como ferramenta, já que há momentos em que não ouvir nada é o que mais te deixa tenso.

Em cenas mais carregadas, o som muda de frequência levemente, tipo aquele zumbido agudo que parece entrar na cabeça… te deixando mais imerso no desconforto, ou no incômodo.

A trilha sonora é minimalista, melancólica e atmosférica. Usa instrumentos como piano, cordas e elementos distorcidos pra criar uma certa tensão. Em momentos de revelação ou transição pro plano espiritual, a trilha fica mais dissonante e etérea.

Os sussurros da Árvore da Bruxa são um destaque: aparecem aos poucos, às vezes misturados com frases em sussurros reversos, porém são de extrema importância para o entendimento da lore e apontamento de lugares destinados à conclusão de missões da campanha.


Modos de Jogo

O single-player é o único modo disponível e também o coração do jogo. Você joga sozinho, controlando a protagonista na jornada narrativa. Não tem multijogador, nem co-op, nem modos alternativos. Mesmo sendo um único modo, as decisões que você toma ao longo da campanha levam a desfechos diferentes: alguns mais trágicos, outros mais reveladores ou simbólicos.

Não há um Novo Jogo +, mas dá pra recomeçar o jogo tomando decisões diferentes e escolhendo outra classe, para descobrir caminhos e eventos que você não viu antes. Apesar da história ser contínua, ela tem partes que se ramificam.

Seja com as side quests ou escolhas diferentes, sua gameplay pode mudar levemente com base em como você interage com personagens e em que ordem explora certos lugares. Não tem conteúdo pós-game tradicional, tipo: missões extras ou desafios desbloqueáveis, modo arena, sobrevivência ou DLCs, até o momento.

Dependendo do seu ritmo, a duração da campanha pode variar entre 5 a 7 horas apenas para zerar. Explorar com calma, realizar todos os puzzles e alcançar os finais alternativos em múltiplas jogadas, eu diria que seria um gameplay entre 8 a 10 horas.

Porém, para os platinadores e complecionistas, a jogatina pode durar até 14 horas, em média. Obviamente, se você jogar tudo com calma, se perder no mapa, deixar o jogo pausado ou aberto sem jogar, o tempo estimado tende a subir.


Conclusão

Apesar da falta de direcionamento nas missões do quadro de avisos, onde é necessário derrotar uma certa quantidade de inimigos específicos sem mostrar a localização dos mesmos, Mandrágora: Whispers of the Witch Tree é uma ótima pedida para jogos de ação, combate, exploração e aventura, com uma lore misteriosa e interessante. Fica minha recomendação!


 

Mandragora: Whispers of the Witch Tree

Apesar da falta de direcionamento nas missões do quadro de avisos, onde é necessário derrotar uma certa quantidade de inimigos específicos sem mostrar a localização dos mesmos, Mandrágora: Whispers of the Witch Tree é uma ótima pedida para jogos de ação, combate, exploração e aventura, com uma lore misteriosa e interessante. Fica minha recomendação!

Prós

  • O visual desenhado à mão é lindíssimo!
  • Trilha sonora imersiva
  • Narrativa é cheia de camadas
  • Lore super interessante
  • Enigmas diferentes que fazem sentido à narrativa
  • Diversidade de inimigos
  • Múltiplos modos de combate
  • Várias áreas para explorar
  • Muito bem otimizado (60fps no PS5 e Xbox Series, 30fps no NS)
  • Sem bugs e glitches (até o momento)

Contras

  • Ritmo pode ser arrastado
  • Narrativa subjetiva e diálogos ambíguos
  • Falta de orientação em algumas missões
  • Busca de itens ou inimigos não mostrados no mapa
9.6
Must Play