Depois de anos acompanhando Forza Horizon apenas à distância, finalmente tive a oportunidade de mergulhar em Forza Horizon 5 graças à sua chegada ao PlayStation 5. A expectativa era alta, e posso dizer que em muitos aspectos o jogo superou o que eu imaginava. Em outros, no entanto, esbarrou em limitações antigas que ainda incomodam.
Testei o jogo durante várias semanas, explorando tudo: das corridas tradicionais até às criações bizarras do EventLab. A versão de PS5 entrega um pacote robusto, bem otimizado e visualmente impressionante — mas com alguns tropeços que continuam a impedir que ele atinja o patamar de excelência plena.
Visual de ponta, clima envolvente e performance consistente
A primeira impressão que tive foi puramente visual e foi ótima. Optei quase sempre pelo modo desempenho no PS5 padrão, que roda a 60 quadros por segundo em 4K dinâmico. A fluidez das corridas e a consistência técnica são irrepreensíveis. Testei também o modo qualidade, mas os 30 fps comprometeram a resposta nos controles, o que me fez abandonar essa opção rapidamente.
O México criado pela Playground Games é deslumbrante. A cada região nova, fiquei surpreso com o nível de detalhe: da arquitetura colonial às tempestades de areia no deserto, passando por selvas úmidas, praias e montanhas vulcânicas. O ciclo climático, as variações de luz e a ambientação sonora tornam a direção não só prazerosa, mas imersiva.

Condução prazerosa no controle, mas frustrante com volante
Dirigir em Forza Horizon 5 é viciante — desde que você esteja com o controle nas mãos. A resposta é precisa, a física é equilibrada e cada carro se comporta de maneira única. Em eventos diferentes, precisei adaptar meu estilo de direção com frequência, o que deu à experiência um caráter dinâmico e variado. A gameplay é claramente voltada para o prazer imediato e isso funciona muito bem.
Mas como alguém que tem setup com volante, esperava mais. Usei um modelo compatível (Logitech G29) e, mesmo após ajustes finos, a experiência ficou aquém do esperado. O force feedback é genérico, os comandos não são responsivos como deveriam e o jogo claramente não foi pensado para simulação. Isso me afastou rapidamente da ideia de jogar com volante e confirmou que o controle é, de longe, a forma ideal de jogar Horizon.
Progressão acelerada demais tira parte da graça
O jogo praticamente despeja recompensas nas mãos do jogador. Nas primeiras horas, já havia acumulado dezenas de carros, créditos e conquistas e isso, embora divertido, tirou parte da emoção da evolução. A sensação de “conquista” desaparece quando você ganha uma Lamborghini logo depois de vencer um evento básico.
Gosto de sentir que estou subindo degraus, não pegando um elevador até o topo. E aqui, tudo vem fácil demais. A progressão é rápida a ponto de tornar irrelevantes carros e categorias mais simples. Faltou um senso mais equilibrado de recompensa e desafio.

Campanha sem narrativa, mas com liberdade que empolga
A campanha é praticamente inexistente em termos narrativos o que, para mim, não foi um problema. O charme do jogo está na liberdade: escolhi o que fazer, quando e como. Pude participar de corridas de rua, desafios off-road, eventos de drift, acrobacias, caças ao tesouro e missões fotográficas — tudo disponível com um simples giro pelo mapa.
O mundo aberto é o verdadeiro protagonista. Cada bioma apresenta um estilo visual e um conjunto de atividades únicos. A progressão é orgânica e o sentimento de estar participando de um festival automobilístico é bem construído — ainda que sem roteiro.
Modos criativos e conteúdo quase inesgotável
Um dos pontos que mais me surpreendeu positivamente foi o EventLab. Encontrei criações bizarras, engenhosas e desafiadoras feitas pela comunidade. De circuitos de plataforma impossíveis a recriações de pistas reais, passei boas horas testando conteúdos criados por outros jogadores. Essa longevidade criativa é um dos grandes trunfos do jogo.
Outros modos, como o The Eliminator, oferecem uma alternativa divertida ao gameplay tradicional. Mesmo que eu não tenha voltado com frequência ao battle royale automotivo, gostei de ver esse tipo de proposta dentro de um jogo de corrida. E as playlists sazonais, com objetivos variados e recompensas exclusivas, me mantiveram engajado por mais tempo do que imaginei.
Online instável: a parte mais frustrante da experiência
Se há um ponto que realmente me decepcionou, foi o online. Tentei jogar com amigos, entrei em corridas públicas e participei de eventos sazonais — mas a instabilidade foi uma constante. Travamentos no carregamento, partidas que não iniciam, desconexões do servidor… tudo isso se repetiu com frequência.
Para um jogo tão voltado à socialização e cooperação, essa falha no multiplayer compromete parte da proposta. Esperava que, com tanto tempo de vida, o título já tivesse superado esse tipo de problema — mas ele ainda persiste. E, sinceramente, me fez evitar os modos online após algumas tentativas frustradas.
Nada inédito no PS5, mas uma boa porta de entrada
É importante dizer: quem já jogou Forza Horizon 5 no Xbox ou no PC vai encontrar aqui exatamente a mesma experiência. Não há conteúdo novo, recursos inéditos nem diferenciais que justifiquem uma nova jornada, a não ser a curiosidade ou a vontade de jogar com o DualSense.
Mas para quem, como eu, está tendo o primeiro contato com a série, essa é a melhor versão possível: visualmente refinada, estável no desempenho e rica em conteúdo desde o primeiro minuto.
Veredito
Forza Horizon 5 no PS5 entregou tudo o que eu esperava em termos de diversão, variedade e qualidade técnica e ainda foi além no conteúdo. A direção é deliciosa, o mundo é vibrante e as possibilidades parecem quase infinitas. Por outro lado, a progressão rápida demais e o online instável quebram parte do encanto. E o suporte ao volante, infelizmente, ainda não faz jus à proposta de imersão total.
Mesmo com esses tropeços, é um título fácil de recomendar — principalmente para quem está conhecendo a série agora. Um dos melhores arcades da geração, mesmo que ainda precise de alguns ajustes para alcançar o topo absoluto.