Shuhei Yoshida, uma das figuras mais influentes na história do PlayStation, deixou a Sony neste mês após uma carreira de 31 anos na empresa. Durante sua trajetória, Yoshida desempenhou um papel fundamental no lançamento do PlayStation 1 e atuou como presidente da PlayStation Studios entre 2008 e 2019, sendo um dos responsáveis pela ascensão da marca no setor de jogos single-player.
Agora, em uma entrevista recente, Yoshida revelou que, se ainda estivesse no comando, teria resistido à estratégia da Sony de focar em jogos como serviço, uma decisão que a empresa adotou nos últimos anos.
A visão de Yoshida sobre o modelo de jogos como serviço
Yoshida explicou que, enquanto gerenciava o orçamento da PlayStation Studios, sua prioridade era garantir um equilíbrio entre jogos single-player e novas experiências multiplayer. Segundo ele, se a empresa quisesse explorar o setor de jogos como serviço, isso não deveria significar o abandono dos jogos narrativos que consolidaram a marca.
"Se a empresa estivesse considerando seguir nessa direção, provavelmente não faria sentido parar de investir em títulos como God of War ou outros jogos single-player para direcionar todo o orçamento a games como serviço."
Após sua saída, Hermen Hulst assumiu o cargo de chefe da PlayStation Studios e a Sony ampliou os investimentos em jogos como serviço. No entanto, Yoshida acredita que a empresa não comprometeu sua identidade ao tomar essa decisão.
"Não acho que disseram ao Hermen para parar de produzir jogos single-player. Pelo contrário, a mensagem foi: 'esses jogos são ótimos, continuem fazendo isso, e nós daremos recursos adicionais para explorar jogos como serviço e experimentar novas abordagens."
O risco da nova estratégia e o sucesso inesperado de Helldivers 2
Yoshida também destacou que a Sony sempre esteve ciente dos riscos ao investir no modelo de jogos como serviço. Ele reconheceu que a chance de sucesso nesse setor é pequena, mas elogiou a empresa por oferecer recursos e oportunidades para tentar inovar.
"Tenho certeza de que eles sabiam que era arriscado. A chance de um jogo se tornar bem-sucedido nesse gênero extremamente competitivo seria pequena. No entanto, a empresa, ciente desse risco, deu ao Hermen os recursos e a oportunidade de tentar. Acho que foi assim que eles fizeram. Na minha opinião, isso é ótimo, e espero que alguns jogos se tornem bem-sucedidos."
O ex-executivo citou como exemplo o sucesso inesperado de Helldivers 2, que se tornou um dos maiores lançamentos da história do PlayStation no PC, vendendo milhões de cópias rapidamente.
"Felizmente, Helldivers 2 foi tão bem… ninguém esperava isso. Você não pode planejar o sucesso nesta indústria, e essa é a parte mais divertida desse negócio."
Em tom descontraído, Yoshida também brincou sobre sua saída da divisão de jogos first-party, sugerindo que sua resistência ao modelo de serviço pode ter influenciado sua remoção.
"Se eu estivesse na posição do Hermen, provavelmente teria tentado resistir a essa direção. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais me removeram da divisão de first-party!"
Sony busca equilíbrio entre inovação e tradição
As declarações de Yoshida reforçam que, apesar do aumento dos investimentos em jogos como serviço, a Sony não abandonou suas raízes no desenvolvimento de experiências narrativas e single-player. A empresa segue apostando em títulos desse gênero, como Marvel’s Wolverine, a sequência de Ghost of Tsushima e o próximo God of War, ao mesmo tempo em que experimenta novos modelos de negócios.
Embora a mudança de estratégia tenha demonstrado desafios, a Sony parece buscar um equilíbrio entre inovação e tradição, tentando manter sua base de fãs enquanto explora novas oportunidades no mercado de games como serviço. O sucesso ou fracasso dessa abordagem ainda está por vir, mas Helldivers 2 mostrou que há potencial para ambos os estilos coexistirem dentro do ecossistema PlayStation.
Fonte: VGC