O melhor jogo do Bob Esponja em anos, mesmo sem reinventar a fórmula
Depois de ter platinado Battle for Bikini Bottom Rehydrated e The Cosmic Shake, eu achava que já tinha visto de tudo na fórmula dos jogos do Bob Esponja. A surpresa é que SpongeBob SquarePants: Titans of the Tide consegue entregar a melhor experiência da franquia desde Rehydrated, mesmo sem grandes revoluções. Ele é divertido, bonito, bem animado e cheio daquele carisma típico de Bikini Bottom, mas também é curto e pouco ousado para quem esperava um salto maior da Purple Lamp.
Ainda assim, Titans of the Tide é facilmente um dos meus favoritos do personagem, com um gameplay mais refinado e uma aventura direta ao ponto, que entrega exatamente o que promete.

História simples, mas gostosa de acompanhar
A trama gira em torno de uma disputa infantil entre o Rei Netuno e o Holandês Voador, criando um caos que ameaça engolir toda a Fenda do Biquíni. É um enredo simples, seguindo fielmente o espírito do desenho, com aquela correria nonsense, expressões exageradas e situações improváveis que só funcionam no universo do Bob.
A qualidade das animações se destaca de imediato. Tudo é fluido, vibrante e estilizado de um jeito que remete ao desenho, mas ainda mais limpo e detalhado. Visualmente, este é facilmente um dos jogos mais bonitos do personagem.
O ponto fraco é que a história não tenta ir muito além. As piadas funcionam, o tom é leve, a aventura é agradável de acompanhar, mas fica a sensação de que faltou aquele humor realmente brilhante dos episódios clássicos. Ainda assim, comparado a Cosmic Shake, Titans of the Tide é menos cansativo e muito mais agradável de jogar do início ao fim.

Bob e Patrick dividem o protagonismo
A jogabilidade segue a base já conhecida da franquia: plataforma leve, combate simples, coleta de itens e missões secundárias espalhadas pelos mapas. A grande diferença aqui é o sistema que permite trocar instantaneamente entre Bob Esponja e Patrick, cada um com um conjunto de habilidades próprio.
No geral, a estrutura continua familiar para quem já jogou algum game do Bob Esponja, mas o foco maior em dois protagonistas faz bastante diferença na prática.
Movimentação do Bob Esponja
- Chute de karatê para alcançar plataformas e atacar inimigos.
- Bolha que ativa mecanismos, plataformas e trampolins.
- Estilo de movimentação mais técnico, exigindo mais precisão em alguns trechos.
Movimentação do Patrick
- Capacidade de se enterrar e emergir do chão para acessar áreas escondidas.
- Arremesso de objetos e inimigos, lembrando a função dele em Battle for Bikini Bottom.
- Jogabilidade mais direta e física, que acaba sendo a mais divertida nos primeiros momentos.
O mais interessante é que, pela primeira vez, Patrick realmente parece um protagonista completo, e não apenas um modo alternativo do Bob. Ele é tão útil quanto o esponjoso e, em alguns trechos, acaba até roubando a cena.

As melhores sequências de plataforma da franquia
O começo do jogo é simples e até previsível, parecendo mais um jogo de plataforma licenciado tradicional. Porém, conforme a aventura avança, fica claro que a Purple Lamp guardou algumas ideias muito boas para a metade final da campanha.
Em determinado ponto, começam a surgir sequências de plataforma que exigem trocas rápidas entre Bob e Patrick, ativação de mecanismos em cadeia e pequenos quebra-cabeças em movimento. É nesse momento que Titans of the Tide realmente brilha.
A combinação de:
- trocas constantes entre os personagens,
- uso criativo das habilidades exclusivas de cada um,
- e fases mais rápidas e dinâmicas
faz deste o jogo com a melhor sensação de plataforma de toda a franquia. Tudo responde bem, sem atrasos, e o ritmo das fases é muito agradável. O novo recurso de se locomover em um tipo de prancha fantasmagórica também é um toque divertido que combina com o clima do jogo.
O problema é que, assim que o gameplay atinge seu auge, a campanha chega ao fim. A duração média é de cerca de seis horas, o que deixa a sensação clara de que havia espaço para mais fases, mais ideias e mais combinações de mecânicas.
Conteúdo opcional e coletáveis
Mesmo sendo curto, Titans of the Tide inclui uma quantidade razoável de missões paralelas, desafios e coletáveis. Não é um conteúdo que transforma o jogo em uma experiência longa, mas oferece um bom extra para quem gosta de explorar cada canto dos cenários e, claro, para quem mira os 100 por cento.
Como alguém que já platinou outros jogos do Bob Esponja, posso dizer que a experiência aqui é direta, acessível e divertida, sem se tornar cansativa. É um daqueles jogos que você termina sorrindo e com vontade de ver o que a equipe vai fazer a seguir.
Algo bem interessante são algumas referências a outros jogos que você encontra no jogo, uma bem marcante foi a presença de uma espada em uma fogueira remetendo a Dark Souls, o que surpreende com humor e revela o toque de carinho que tiveram na construção dos detalhes do game.
-Referência a Dark Souls no game
Conclusão
SpongeBob SquarePants: Titans of the Tide não é revolucionário. A história é curta, o humor poderia ser mais inspirado e a sensação de que o jogo acaba justamente quando o gameplay fica mais interessante é real.
Por outro lado, esta é a aventura mais redonda do Bob Esponja em muito tempo. A direção de arte é excelente, a animação captura perfeitamente o espírito do desenho e o sistema de alternância entre Bob e Patrick rende algumas das melhores fases já vistas em um jogo do personagem.
Mesmo sem reinventar a fórmula, Titans of the Tide entrega um game de plataforma sólido, carismático e muito bem executado. Para fãs do desenho e de jogos de plataforma, é uma viagem que vale a pena.
Agradecimento
Agradeço à THQ Nordic por ter concedido a chave do jogo com antecedência para a produção desta review e de conteúdos relacionados.