Estúdios independentes denunciam saturação de títulos de baixa qualidade e falhas no controle da Sony
A PlayStation Store está sendo alvo de fortes críticas de desenvolvedores independentes que acusam a Sony de permitir a entrada descontrolada de jogos de baixa qualidade, plágios e até produtos criados por inteligência artificial. O estúdio independente Steelkrill Studio foi um dos primeiros a se manifestar publicamente, afirmando estar “extremamente decepcionado” com a atual administração da loja digital e com o que descreve como um “colapso da curadoria” na plataforma. Em um desabafo publicado no Reddit, o Steelkrill Studio relatou sua insatisfação com o processo de aprovação da PlayStation Store, que, segundo eles, favorece produções de baixo custo enquanto impõe barreiras injustas a desenvolvedores legítimos.
“É extremamente desanimador. O que antes era uma plataforma de ponta para jogos de qualidade agora parece pior do que uma loja de celular”, afirmou o estúdio.
A denúncia surgiu após uma série de atrasos na publicação de Trenches, jogo de terror em realidade virtual desenvolvido para o PSVR 2. De acordo com o estúdio, o título enfrentou repetidas rejeições e complicações burocráticas, enquanto jogos visivelmente automatizados ou de qualidade duvidosa eram aprovados quase instantaneamente.
Plágio e inconsistência nas políticas da loja
O caso se agravou quando o Steelkrill Studio descobriu que uma cópia não autorizada de Trenches havia sido publicada na própria PlayStation Store sob outro nome. O estúdio afirma ter alertado a Sony sobre o plágio, mas não recebeu uma resposta clara sobre como a situação seria resolvida. Além disso, a equipe denunciou uma inconsistência nas políticas da plataforma. Segundo o estúdio, a Sony negou a criação de uma página exclusiva para a versão VR do jogo, enquanto outros desenvolvedores receberam permissão semelhante. Essa decisão forçou o estúdio a vincular Trenches VR à página do jogo base, prejudicando sua visibilidade e confundindo potenciais compradores.
O Steelkrill Studio também alertou para o crescimento descontrolado de jogos produzidos com inteligência artificial. Segundo o estúdio, essa tendência está inundando a loja com produtos que carecem de originalidade e polimento, tornando quase impossível para os jogadores diferenciarem títulos genuínos de produções automatizadas. A crítica reflete uma preocupação crescente na indústria sobre como as ferramentas de IA estão sendo usadas para criar e publicar jogos em massa, muitas vezes sem curadoria adequada. Essa prática, afirmam os desenvolvedores, ameaça a integridade da loja e reduz a confiança do público no ecossistema PlayStation.
Uma crise de curadoria em escala global
Embora o problema não seja exclusivo da Sony, a cobrança sobre a PlayStation Store é maior devido ao prestígio e à expectativa de qualidade associada à marca. Muitos desenvolvedores argumentam que a Sony precisa adotar filtros mais rigorosos e processos de revisão mais transparentes para restaurar a confiança da comunidade.
“Não quero atacar o PlayStation. Estou simplesmente de coração partido com o que a PlayStation Store se tornou”, afirmou o estúdio. “Espero que a Sony escute os desenvolvedores e jogadores que realmente se importam com a plataforma.”
A crescente onda de críticas reforça um debate essencial sobre o futuro das lojas digitais: até que ponto a democratização do acesso para criadores deve ser equilibrada com a necessidade de manter padrões mínimos de qualidade? Em meio à expansão da IA e da automação criativa, a resposta da Sony a essa questão poderá definir o rumo de sua reputação entre estúdios independentes e jogadores nos próximos anos.
