Diretor japonês reforça que sua inspiração vem de artes, cinema e experiências fora da indústria, destacando a importância de pensar além do universo dos games.
Hideo Kojima, um dos nomes mais influentes e excêntricos da indústria dos jogos, surpreendeu ao falar sobre sua relação com os próprios games. Em entrevista concedida recentemente durante um evento internacional, o criador de Metal Gear e Death Stranding revelou que raramente se dedica a jogar outros títulos, afirmando que chega a concluir apenas um jogo por ano.
Inspiração além dos consoles
Segundo Kojima, essa escolha não está ligada a desinteresse pela mídia que o consagrou, mas sim à forma como ele encara o processo criativo. O diretor explicou que prefere consumir obras de diferentes áreas, como cinema, literatura, artes visuais e até visitas a museus, acreditando que essas experiências fornecem referências mais ricas e diversas do que acompanhar de perto o que outros estúdios estão produzindo.
“Eu não jogo tantos games. Eu assisto a filmes, leio livros, encontro pessoas e vou a museus, e não estou copiando nada de um jogo. Jogos consomem muito tempo, e eu provavelmente jogo apenas um por ano. Eu jogo meus próprios jogos para conferir, mas preciso pensar fora da caixa, e o que acontece fora do mundo dos games é mais importante para mim incorporar no meu jogo”, afirmou Kojima.
Filosofia criativa
A fala reflete uma filosofia que o diretor já demonstra em suas obras há décadas. Para Kojima, limitar-se apenas ao universo dos videogames pode restringir a originalidade. Ele defende que um criador precisa ser constantemente estimulado pelo que acontece no mundo ao redor, trazendo novas ideias e perspectivas que possam ser aplicadas em narrativas interativas.
Essa visão explica por que seus jogos frequentemente dialogam com temas filosóficos, sociais e existenciais, explorando questões que vão além da mecânica tradicional dos games.
Death Stranding como exemplo
O caso mais emblemático dessa abordagem é Death Stranding, lançado em 2019. O título mistura ficção científica com reflexões sobre isolamento, conexões humanas e até mesmo crises globais — tópicos que ganharam ainda mais relevância durante a pandemia. A obra, marcada pela forte presença de elementos cinematográficos e literários, consolidou a reputação de Kojima como um autor que ultrapassa os limites convencionais do meio.
Ao jogar pouco e buscar referências fora do meio, Hideo Kojima reforça seu papel como um dos criadores mais singulares da indústria. Seu método pode parecer incomum em um mercado cada vez mais competitivo, mas é justamente esse olhar externo que o mantém como uma das vozes mais originais do entretenimento digital.
Fonte: Games Radar