The Last of Us Part II completa 5 anos: uma obra-prima atemporal que ainda ecoa com força

The Last of Us Part II completa 5 anos: uma obra-prima atemporal que ainda ecoa com força

Cinco anos se passaram desde que The Last of Us Part II emergiu no cenário do PlayStation 4, como um trovão silencioso — carregado de promessas, expectativas e temores. Herdeira de um dos jogos mais reverenciados da história, a sequência da Naughty Dog ousou mais do que continuar uma narrativa: ela a desconstruiu, a reinventou e a desafiou. E, ao fazê-lo, tornou-se uma das obras mais controversas, mas também mais potentes, que os videogames já conheceram.

Enquanto o mundo esperava por uma continuação segura, capaz de repetir o êxito emocional do primeiro jogo, Neil Druckmann e Halley Gross entregaram uma história que escolheu o caminho mais espinhoso: o da dor, da desconstrução e da empatia forçada. Não havia aqui promessas de redenção, nem garantias de conforto. Apenas a certeza de que, uma vez dentro dessa jornada, o jogador sairia transformado — ou despedaçado.


Amor, ódio e os ecos de uma ferida aberta

Se o primeiro jogo era uma ode ao amor incondicional, Part II é um estudo visceral sobre o ódio — sobre como ele nos molda, nos cega e, por fim, nos consome. Ellie, agora uma jovem marcada pelo luto e pelo trauma, parte em busca de vingança. Mas não há glória em sua jornada. O que encontramos é um retrato nu e cru da humanidade em sua forma mais fraturada.

A introdução da personagem Abby — e a ousadia de colocá-la nas mãos do jogador — foi como jogar gasolina no fogo das emoções. Ela não é a vilã que esperávamos, mas alguém tão quebrada quanto Ellie, alguém que também perdeu, que também sangrou, que também odeia. E ao fazer com que o jogador a viva, a compreenda, a tema e talvez até a admire, o jogo atinge um feito raríssimo: ele não apenas conta uma história — ele desafia quem a escuta.


Um jogo que corta, silencia e permanece

A brutal morte de Joel, revelada de forma precoce por vazamentos massivos, inflamou a internet antes mesmo do jogo chegar às prateleiras. Mas o que muitos não compreenderam — ou se recusaram a ver — é que The Last of Us Part II nunca buscou agradar. Desde o início, sua proposta era desconcertar, provocar e dilacerar.

Sua narrativa partida em dois atos — espelhada entre Ellie e Abby — inverte expectativas, desloca o centro emocional do jogador e questiona, a todo momento, o que é justiça, o que é perdão e qual é o preço de cada escolha. Não há catarse no final, não há grandes discursos. Há apenas silêncio, perda e uma melodia triste tocada por dedos ausentes.


O legado de uma ferida bela

Cinco anos depois, Part II ainda pulsa. Ainda divide. Ainda incomoda. E é justamente por isso que permanece viva — como toda grande arte deve ser. Sua complexidade moral, sua recusa em entregar respostas fáceis e sua ousadia estrutural a tornam uma peça única no panteão dos videogames.

A chegada da segunda temporada da série da HBO reacendeu os debates, atraiu novos olhares e reacendeu antigas paixões — e rancores. Mas o que se mantém inabalável é o reconhecimento, mesmo entre os que o criticam, de que The Last of Us Part II transcende seu tempo.

Alguns jogos contam histórias. Outros as transcendem. The Last of Us Part II não é apenas lembrado — ele é sentido. Um marco que desafiou convenções, rompeu expectativas e, ao fazê-lo, elevou o que os videogames podem ser: não simples entretenimento, mas arte em estado bruto — imperfeita, provocadora e inesquecível.

Cinco anos se passaram, e sua voz ainda ecoa — não como um grito, mas como um sussurro persistente na memória de quem ousou escutá-lo até o fim.