Declarações sobre uso de IA geram polêmica, e Thomas Mahler sai em defesa da Larian Studios

Declarações sobre uso de IA geram polêmica, e Thomas Mahler sai em defesa da Larian Studios

Falas envolvendo inteligência artificial voltaram a incendiar o debate na indústria, mas também expuseram leituras apressadas e ruído em torno do tema.


A discussão sobre o uso de inteligência artificial no desenvolvimento de jogos ganhou novos contornos após declarações recentes ligadas à Larian Studios, estúdio comandado por Swen Vincke e responsável por Baldur’s Gate 3 e pela consagrada série Divinity. As falas, feitas em tom técnico e pragmático, acabaram sendo interpretadas por parte da comunidade como um possível sinal de substituição de mão de obra criativa, o que rapidamente gerou críticas e reações negativas nas redes sociais.

Diante da repercussão, Thomas Mahler, CEO da Moon Studios (Ori and the Blind Forest, Ori and the Will of the Wisps), decidiu se posicionar publicamente em defesa da Larian. Segundo Mahler, a controvérsia nasceu mais de uma leitura distorcida do que de uma ameaça real. Para ele, a forma como a Larian encara a IA está longe de qualquer ideia de automação criativa ou substituição de artistas, roteiristas e designers.

Mahler foi direto ao ponto ao afirmar que a IA vem sendo discutida dentro dos estúdios como uma ferramenta de suporte, especialmente para tarefas técnicas, repetitivas ou burocráticas, que consomem tempo e energia das equipes. Em sua visão, o objetivo é liberar os profissionais criativos para se concentrarem exatamente naquilo que máquinas não conseguem replicar: sensibilidade artística, construção narrativa, escolhas de design e identidade autoral.

Essa leitura também está alinhada com posicionamentos anteriores de Michael Douse, diretor de publishing da Larian Studios, que já havia destacado que o estúdio não utiliza IA generativa para criar roteiros, personagens ou conteúdo narrativo. Segundo Douse, o sucesso de Baldur’s Gate 3 é resultado direto de decisões humanas, colaboração intensa e um processo criativo artesanal, algo que a Larian considera inegociável.

A defesa de Mahler ajudou a recolocar o debate em trilhos mais realistas. Em vez de tratar a inteligência artificial como vilã ou salvadora, o desenvolvedor reforçou que a discussão deveria girar em torno de uso ético, transparência e limites claros. Quando aplicada corretamente, a tecnologia pode otimizar pipelines, reduzir desgaste das equipes e até contribuir para produções mais sustentáveis, sem comprometer a essência criativa dos jogos.

No fim, o episódio expõe um retrato recorrente da indústria atual: avanços tecnológicos acelerados, reações emocionais imediatas e a necessidade urgente de diálogo mais qualificado. No caso da Larian, tanto seus líderes quanto desenvolvedores de fora do estúdio deixam claro que a criatividade humana continua sendo o coração do processo — com ou sem IA ao redor.

Fonte: TechRaptor