Limitações de licenciamento e compatibilidade open-source restringem a implementação plena da tecnologia
A Valve finalmente esclareceu um dos mistérios mais discutidos sobre o Steam Machine: embora o console conte com hardware compatível com HDMI 2.1, o SteamOS o reconhece apenas como HDMI 2.0. Segundo a empresa, a limitação não se deve a economia de custos ou erro técnico, mas a questões complexas de licenciamento e compatibilidade com software livre. O SteamOS utiliza drivers open-source da AMD para gerenciar as GPUs do dispositivo. Desde 2021, o HDMI Forum (consórcio responsável pelos padrões HDMI) restringiu a implementação do HDMI 2.1 em código aberto, exigindo licenças pagas e aprovações prévias.
Qualquer tentativa de integrar HDMI 2.1 diretamente nos drivers Linux viola essas regras. Alex Deucher, engenheiro sênior da AMD, confirmou a situação em fevereiro de 2024, no relatório de bug #206463 do freedesktop.org, afirmando que uma implementação open-source do HDMI 2.1 “não é possível sem infringir os requisitos do HDMI Forum”. Na prática, isso significa que a Valve poderia ativar HDMI 2.1 no SteamOS apenas adquirindo licenças e cumprindo as exigências do consórcio, o que não ocorre atualmente.
Como o Steam Machine ainda entrega 4K a 120 Hz
Apesar de reconhecido como HDMI 2.0, o console consegue transmitir 4K a 120 Hz utilizando compressão de cor (chroma subsampling), que reduz a quantidade de dados enviados pelo cabo e permite que o sinal caiba nos 18 Gbps do HDMI 2.0. A solução funciona, mas não oferece a largura de banda total do HDMI 2.1, podendo impactar a fidelidade de cor em algumas situações. Outro ponto relevante é a taxa de atualização variável. O Steam Machine suporta AMD FreeSync via HDMI, mas não HDMI VRR, versão oficial do HDMI 2.1 para variação de frequência. Como muitas TVs modernas suportam HDMI VRR, isso pode deixar o console sem tecnologia de VRR em determinados casos. Essa situação não é exclusiva do Steam Machine. GPUs como as Intel Arc Alchemist (A770 e A750) também suportam HDMI 2.0 nativamente, e fabricantes que anunciam HDMI 2.1 geralmente usam conversores de protocolo, como o RTD2173 da Realtek, que transforma DisplayPort 1.4 em HDMI 2.1.
A solução funciona, mas depende de suporte específico nos drivers e não muda a limitação da GPU original. Para a maioria dos jogadores que usam TVs, as restrições não comprometem a experiência: 4K a 60 Hz ou 120 Hz continua totalmente viável. No entanto, para entusiastas de hardware e defensores de software livre, o caso evidencia como o HDMI 2.1 ainda é rigidamente controlado pelo HDMI Forum, forçando empresas a buscarem soluções alternativas ou a dependerem de DisplayPort para extrair o máximo desempenho. Essa situação ilustra os desafios de integrar tecnologias modernas em sistemas open-source, mostrando que licenças, padrões e limitações técnicas podem transformar um recurso plenamente funcional em uma experiência limitada por software.
