Borderlands 4 enfrenta queda histórica de jogadores e expõe limites da fórmula clássica da franquia

Borderlands 4 enfrenta queda histórica de jogadores e expõe limites da fórmula clássica da franquia

Novo capítulo da série sofre com problemas técnicos, falta de endgame e desgaste na relação com a comunidade.


Borderlands 4 vive um momento complicado depois de um começo que, à primeira vista, parecia promissor. Lançado em 12 de setembro, o jogo chegou ao Steam com números impressionantes, ultrapassando a marca de 304 mil jogadores simultâneos e garantindo a maior estreia da história da franquia na plataforma. Porém, pouco mais de dois meses depois, o cenário mudou drasticamente: as últimas 24 horas registram pouco acima de 10 mil jogadores ativos, uma queda de aproximadamente 96% da base inicial. Essa retração acentuada levantou questionamentos sobre a capacidade do jogo de manter relevância e engajamento em um mercado cada vez mais competitivo.

Grande parte dessa perda acelerada está ligada aos problemas que apareceram logo nos primeiros dias. A própria Take-Two admitiu que as vendas não atenderam às expectativas internas, mesmo com o recorde nos Estados Unidos. No PC, especificamente, muitos jogadores enfrentaram desempenho instável, com queda de FPS, travamentos constantes e falhas de carregamento. Essas dificuldades técnicas comprometeram a experiência de lançamento e contribuíram diretamente para a debandada inicial. A situação piorou quando o diretor executivo da Gearbox, Randy Pitchford, respondeu às críticas de forma ríspida, dizendo: “Programa seu próprio motor”. O comentário (visto como desrespeitoso e desnecessário) gerou grande insatisfação e ampliou a sensação de que parte da comunidade não estava sendo levada a sério.

O desgaste do conteúdo pós-campanha

Outro fator crítico para a queda na retenção de jogadores vem do escopo limitado do endgame. Borderlands 4 manteve a fórmula tradicional da franquia: campanha carismática, humor ácido, personagens marcantes e abundância de loot. Essa estrutura agrada aos fãs de longa data, mas já não acompanha a evolução do gênero dos looter shooters. Enquanto concorrentes investem em atualizações frequentes, conteúdo sazonal e sistemas de progressão profundos, Borderlands 4 oferece pouco a fazer após a conclusão da história principal. Muitos jogadores terminaram a campanha rapidamente (em alguns casos, em menos de uma semana) e se viram diante de um vazio de atividades desafiadoras. Sem mecânicas de endgame robustas, recompensas exclusivas ou novos níveis de dificuldade, a maioria acabou migrando para títulos que oferecem experiências contínuas.

A Gearbox tentou reverter parte desse cenário com o lançamento de um Bounty Pack gratuito, trazendo novas missões e chefes adicionais. A atualização gerou um pico modesto de interesse, mas não foi suficiente para alterar a tendência de queda. Agora, a aposta do estúdio recai sobre os DLCs narrativos planejados para 2026. O primeiro deles trará uma nova campanha e um novo Vault Hunter, enquanto o segundo seguirá a mesma linha de expansão robusta. A estratégia, porém, apresenta um problema evidente: o conteúdo adicional está distante demais para resolver a crise de engajamento atual. Enquanto isso, a percepção do público continua fragilizada. Jogadores pedem mais transparência, melhorias de desempenho, revisões no balanceamento e atualizações menores, porém constantes, algo que a Gearbox ainda não demonstrou capacidade de entregar com a agilidade esperada pelo mercado contemporâneo.


A situação de Borderlands 4 evidencia o dilema enfrentado por jogos que dependem fortemente do hype de lançamento. A fórmula tradicional continua sólida, mas não acompanha o ritmo de evolução das expectativas do público. Em um cenário onde o pós-jogo se tornou tão decisivo quanto a campanha, insistir em um modelo envelhecido pode custar caro. Se a Gearbox quiser reconquistar parte da comunidade, precisará agir rapidamente, investindo em melhorias técnicas, oferecendo novas atividades com mais frequência e demonstrando um compromisso real com o feedback dos jogadores. Até lá, o futuro do jogo permanece incerto, e a queda acentuada no número de jogadores funciona como um alerta contundente: algo precisa mudar, e o quanto antes.