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Relatório corporativo identifica mudança acelerada no comportamento dos consumidores e indica que assinaturas, GAAS e experiências de baixo investimento se tornam prioridade no setor
A Ubisoft publicou um novo documento financeiro no Reino Unido que confirma uma mudança estrutural no mercado de jogos digitais. A análise aponta que o modelo clássico de compra única, no qual o jogador adquire um título completo por preço integral, está perdendo força diante de novos formatos baseados em retenção e monetização contínua. A empresa destaca que os consumidores estão distribuindo menos atenção entre diversos lançamentos e concentrando tempo e dinheiro em experiências duradouras, baseadas em assinaturas, jogos como serviço e plataformas que exigem menor investimento inicial.
Mercado passa por transformação rápida
Segundo o relatório, o setor atravessa uma transição acelerada. Formatos como free-to-play, cloud gaming, assinaturas e jogos com atualizações constantes dominam cada vez mais o hábito dos jogadores, favorecendo empresas com catálogos pensados para engajamento a longo prazo. A Ubisoft sintetiza o cenário ao afirmar que os consumidores “estão jogando menos jogos”, indicando que a disputa agora se concentra menos em vendas unitárias e mais em tempo de permanência.
Embora ainda existam grandes sucessos no modelo premium tradicional, a companhia observa que esses casos se tornaram exceções em um mercado que passou a premiar retenção e recorrência. A mudança impacta diretamente o planejamento de portfólio das principais publishers, que precisam reavaliar o ritmo de lançamentos e o estilo de investimento em propriedades intelectuais de grande porte.
Ano desafiador para a Ubisoft
O alerta surge em meio a um período turbulento para a empresa. Nos últimos meses, a Ubisoft promoveu reestruturações internas, realizou cortes de pessoal e enfrentou resultados abaixo do esperado. Star Wars Outlaws, uma das principais apostas recentes, não atingiu as metas definidas no planejamento. No segmento de jogos como serviço, a companhia também acumula desafios, incluindo o cancelamento de The Division: Heartland e o desempenho mais fraco do que o previsto para XDefiant. A situação se intensificou na semana passada, quando a publisher suspendeu sua negociação em bolsa e adiou a divulgação dos resultados financeiros poucos minutos antes da reunião com acionistas.
A empresa ainda não apresentou detalhes sobre a decisão, o que elevou a tensão e abriu espaço para especulações no mercado. Como parte de sua resposta ao novo panorama, a Ubisoft estabeleceu recentemente uma subsidiária em colaboração com a Tencent. A divisão terá a responsabilidade de administrar algumas das marcas mais valiosas da companhia, incluindo Assassin’s Creed, Far Cry e Rainbow Six. O objetivo é fortalecer o desempenho global e posicionar a empresa para competir de forma mais robusta em um mercado repleto de novos modelos de consumo, alta concorrência e preferências em constante evolução.
A mudança sinaliza que grandes publishers estão ajustando estratégias de negócio para acompanhar um público que deixou de priorizar lançamentos frequentes e passou a valorizar longevidade, recorrência e retorno contínuo dentro dos jogos que escolhe jogar.