Steam Machine retorna com foco em dois públicos — e pode desafiar a nova geração de consoles

Steam Machine retorna com foco em dois públicos — e pode desafiar a nova geração de consoles

Versão revisada promete desempenho unificado e mira jogadores de PC e iniciantes no ecossistema Steam


Dez anos depois de sua estreia malsucedida, a Steam Machine está de volta. A primeira tentativa naufragou diante de hardware inconsistente e de uma interface que não entregava nem a versatilidade do PC nem a praticidade de um console. Agora, com uma nova proposta e um cenário de mercado muito mais favorável, a Valve tenta novamente conquistar espaço na sala de estar — e levanta a pergunta: Sony e Microsoft devem se preocupar?

A nova Steam Machine abandona a ideia de múltiplos fabricantes e aposta em um cubo compacto criado pela própria Valve. A promessa é tentadora: seis vezes o desempenho do Steam Deck, um novo Steam Controller e lançamento previsto para o próximo ano. O preço segue em mistério, mas não será o único fator decisivo para sua adoção em 2026.

O contexto atual joga a favor da Valve. Segundo o analista Matthew Ball, o valor acumulado nas bibliotecas do Steam cresceu de forma massiva: hoje, contas da plataforma armazenam cerca de 90 bilhões de dólares em licenças de jogos, dez vezes mais que em 2015, sem contar DLCs e conteúdos adicionais. Com isso, abandonar o Steam significa perder acesso a um patrimônio digital enorme, o que reduz o apelo de migrar para consoles. Some a isso o fato de que cada vez mais jogos antes exclusivos de consoles chegam ao PC via Steam.

Mas quem a Valve quer atingir? De acordo com Christopher Dring, ex-editor do GamesIndustry.biz, o aparelho mira dois grupos claros. O primeiro são usuários de PC que desejam levar sua biblioteca para a sala de estar, público semelhante ao do Steam Deck, mas interessado em um dispositivo fixo. O segundo são jogadores curiosos sobre o PC, mas intimidados por configurações, compatibilidades e ajustes — para eles, a Steam Machine oferece a simplicidade de um console com acesso à vasta biblioteca Steam.

O tamanho desse segundo grupo, porém, ainda é incerto. Dados mostram que 90% dos donos de Steam Deck já eram usuários da plataforma, sugerindo que ampliar esse público pode ser um desafio.

Quando o assunto é concorrência, especialistas apontam que a Steam Machine pode incomodar mais a Microsoft do que a Sony. Isso porque a estratégia recente da linha Xbox se aproxima cada vez mais do ecossistema de PC, exatamente onde a Valve domina. Além disso, o cubo da Valve deve rodar Game Pass e jogos Xbox sem dificuldades. Ainda assim, há diferenças importantes: enquanto a Microsoft aposta em hardware premium, a Valve parece focar em um dispositivo mais acessível.

No desempenho, os primeiros testes impressionam, mas não superam os consoles premium. Segundo a Digital Foundry, Cyberpunk 2077 rodou em 1440p a 60 FPS na Steam Machine, com upscale para 4K. Com ray tracing, o desempenho caiu para cerca de 30 FPS. O aparelho se coloca entre o Xbox Series S e o PS5, levemente mais próximo do console da Sony. O futuro PS5 Pro deve manter folga confortável nesse comparativo.

A nova Steam Machine chega com uma proposta mais clara e um ecossistema mais robusto ao seu redor. Pode não derrubar PS5 ou Xbox, mas tem potencial para mudar a conversa sobre jogos na sala de estar.

Fonte: Matthew Ball / TheGameBusiness / Digital Foundry