Alex Hutchinson afirma que a Ubisoft transformou Assassin’s Creed em uma marca “eterna” por apostar em riscos que outras empresas evitam
O ex-diretor criativo de Assassin’s Creed III, Alex Hutchinson, declarou em entrevista ao canal FRVR que a Ubisoft conseguiu tornar Assassin’s Creed uma “marca para sempre” justamente por sua disposição em assumir riscos criativos que outras gigantes do setor evitam. Segundo ele, a liberdade concedida aos desenvolvedores foi o principal fator que permitiu à franquia evoluir de títulos furtivos e contidos para grandes RPGs de mundo aberto, como Assassin’s Creed Origins.
A coragem de mudar o gênero
Hutchinson destacou que poucas empresas teriam permitido uma transformação tão profunda em uma de suas principais propriedades intelectuais. Para o criador, o sucesso de Assassin’s Creed se deve à estrutura flexível da série, que permite reinvenção constante sem perder sua identidade central.
“É meio que uma marca eterna, né? Cada jogo tem um novo protagonista, um novo período, novos elementos… é uma estrutura que permite reinventar tudo. Acho que é a única franquia que mudou de gênero no meio do caminho e conseguiu fazer isso bem”, afirmou.
Durante a entrevista, Hutchinson também aproveitou para criticar a forma como algumas editoras lidam com o desenvolvimento criativo, citando diretamente a Electronic Arts. “Na EA, você tem esses executivos horríveis que nunca fizeram um jogo e vieram de empresas de pasta de dente. Eles acham que, se o protótipo não é incrível logo de cara, não vale a pena continuar”, disse o desenvolvedor, ressaltando a falta de visão de longo prazo em algumas decisões corporativas.
Valorização do risco e novas IPs
Para Hutchinson, a diferença entre as duas companhias está na mentalidade de liderança. Ele destacou que, na época, a Ubisoft ainda era comandada por pessoas ligadas à fundação da empresa, o que favorecia uma cultura de experimentação e de aposta em novas ideias.
“A Ubisoft valorizava o risco, e isso fez toda a diferença”, afirmou.
O ex-diretor também elogiou a empresa francesa por continuar investindo em novas franquias, mesmo em um cenário dominado por remakes e sequências. Em contraste, ele observou que a EA, após recentes reestruturações financeiras, “quase nunca lança IPs originais, a menos que algo completamente fora do comum aconteça”, citando o sucesso inesperado de Apex Legends como exceção à regra. As declarações de Hutchinson reacendem o debate sobre o equilíbrio entre criatividade e segurança no mercado AAA, evidenciando como a disposição em correr riscos pode ser o diferencial entre o esquecimento e a longevidade de uma franquia.
Fonte: GamesRadar
