O sindicato da Neople, estúdio responsável por títulos como Dungeon & Fighter e The First Berserker: Khazan, segue firme em sua greve histórica, iniciada no final de junho e que já entrou em uma nova fase mais intensa. Desde 31 de julho, os funcionários passaram a realizar paralisações cinco dias por semana, ampliando o movimento que já durava três dias semanais.
Motivo da greve: transparência e justiça na remuneração
O protesto dos trabalhadores da Neople tem como foco principal a redução arbitrária do bônus anual, pago com base no desempenho dos lançamentos recentes da empresa. Essa medida tem causado indignação especialmente diante do faturamento recorde da companhia em 2024, que alcançou cerca de US$ 951 milhões.
Segundo o sindicato, há uma suspeita crescente entre os funcionários de que a remuneração seja influenciada mais por relações pessoais dentro da empresa do que pelo desempenho profissional, uma vez que os critérios para avaliação e pagamento não são divulgados de forma clara e transparente.
O sindicato explica: “Apesar de sermos membros da mesma categoria profissional e recebermos avaliações de desempenho no mesmo nível, a cada ano são constatadas diferenças na remuneração. Por isso, exigimos a divulgação dos critérios e fórmulas de avaliação, bem como a institucionalização desse processo para garantir justiça”.

Sem resposta satisfatória da Neople, os trabalhadores decidiram recorrer à greve para pressionar por uma remuneração justa e um sistema transparente.
A greve teve efeitos imediatos e negativos na performance financeira dos produtos da Neople. O mais afetado foi Dungeon & Fighter Mobile, que sofreu um forte declínio na receita e no engajamento do público. O ranking do jogo na Google Play caiu do 29º para o 131º lugar em apenas um mês, enquanto na Apple App Store despencou do 50º para o 98º. Além disso, o evento DF Mobile Arcade 2025 foi cancelado, um golpe adicional que prejudicou a retenção e o crescimento da base de jogadores.
Negociações travadas e contexto histórico
Desde o início de agosto, a Neople demonstrou interesse em retomar o diálogo com o sindicato para tentar resolver o impasse. No entanto, os funcionários mantêm a exigência por transparência plena e uma divisão justa dos lucros operacionais, rejeitando propostas que não atendam a essas condições.
A greve da Neople marca um capítulo histórico no setor de games sul-coreano, pois é a primeira vez que uma empresa do ramo enfrenta uma paralisação desse porte no país. O desfecho do conflito poderá estabelecer precedentes importantes sobre direitos trabalhistas, transparência corporativa e remuneração no competitivo mercado de desenvolvimento de jogos na Coreia do Sul.
Fonte: This Is Game