Shadow Labyrinth é o mais novo título de ação e plataforma 2D da Bandai Namco, que traz uma das reimaginações mais ousadas já feitas com um ícone dos videogames. Esqueça a calidez dos corredores de arcade onde Pac-Man descansava: aqui, a nostalgia é engolida por um universo sombrio, violento e desconfortavelmente cativante.
A desenvolvedora pegou o mascote mais acolhedor dos fliperamas e o lançou em um mergulho de sobrevivência e horror. No papel de Puck, uma versão sinistra do herói amarelo, e ao lado do protagonista Número 8, o jogador explora um planeta alienígena hostil em um metroidvania repleto de violência gráfica, estética sci-fi e mecânicas repaginadas — um Pac-Man como você nunca viu. Nesta review, vou te falar sobre os pontos fortes e fracos que encontrei no jogo e debater sobre os tópicos.
Jogabilidade e mecânicas
A experiência mescla combate visceral e exploração instintiva. Aqui, não basta derrotar inimigos: você os devora. O movimento de “raia” — idêntico ao do Pac-Man clássico e com o mesmo som característico — é usado tanto para combate quanto para travessia, criando um elo curioso entre nostalgia e brutalidade.
Em momentos-chave, o protagonista assume a forma da mecha GAIA, capaz de esmagar estruturas inteiras e abrir novos caminhos. O mapa é estruturado com pontos de salvamento, teletransporte e estações de upgrade, garantindo que derrotas em emboscadas não se tornem frustrantes.
Ainda assim, o sistema de teleporte tem limitações: alguns pontos menores funcionam apenas como atalhos de ida, levando o jogador de um ponto B direto para um ponto A, mas não no sentido contrário. A disposição desses pontos é equilibrada e evita tanto a fadiga de longas caminhadas quanto a sensação de progresso “entregue de bandeja”.
As seções de labirinto evocam o clássico original, com saltos, boost pads e batalhas contra fantasmas gigantes. O level design oferece ambientes variados e exige paciência e técnica nos combates, que raramente permitem uma abordagem puramente agressiva. O mapa, apesar da interface simples, é intuitivo e fácil de navegar.
O mundo distópico é reforçado por referências sutis a um universo mais amplo da Bandai Namco, enquanto Puck, grotesco mas carismático, injeta personalidade e um toque perturbador à jornada.
Narrativa e Ambientação
A história mantém um tom sério, pontuado por doses ocasionais de sarcasmo. É fácil perceber uma crítica social e filosófica nas entrelinhas, mas o peso da narrativa e a densidade dos diálogos podem afastar quem esperava algo mais leve ou centrado na ação.
A curva de progressão, para muitos jogadores e críticos, é lenta. Combates repetitivos e exploração que carece de renovação reduzem o impacto da experiência a médio prazo. Visualmente, apesar de alguns cenários impactantes e uso criativo de cores, a estética não transmite a grandiosidade associada à Bandai Namco, soando em alguns momentos genérica ou de baixo orçamento.
Conclusão
Shadow Labyrinth é um experimento ousado que transforma um ícone alegre em protagonista de um metroidvania brutal. Sua jogabilidade é fluida, os controles respondem bem, e a personalidade da obra compensa parte das falhas técnicas e narrativas. É uma experiência carregada de identidade, ideal para fãs de exploração desafiadora e atmosferas sombrias.
Por outro lado, se você busca leveza, polimento visual ou narrativa cinematográfica, talvez seja melhor pensar duas vezes. Como experiência de fim de semana, é memorável e curiosa — uma reinterpretação que, mesmo imperfeita, merece ser testada.
Agradecemos à Theogames e Bandai Namco Studios pela gentileza de fornecer a chave para review.