A Rare, estúdio britânico com mais de três décadas de legado na indústria dos jogos eletrônicos, acaba de sofrer duas baixas de peso em sua equipe de criação. Gregg Mayles, diretor criativo de Banjo-Kazooie e Sea of Thieves, e Louise O’Connor, veterana animadora e produtora de títulos como Conker’s Bad Fur Day, estão oficialmente deixando a empresa.
As saídas foram confirmadas dias após o cancelamento de Everwild, ambicioso projeto da Rare que estava em desenvolvimento há mais de uma década e que enfrentava problemas de escopo e direção desde sua concepção. Ambos os profissionais integravam a equipe do jogo e foram figuras centrais no processo de tentativa de reinvenção do título nos últimos anos.
Gregg Mayles: o fim de um ciclo após 35 anos
Com uma trajetória que começou nos anos 1990, Mayles era uma das figuras mais emblemáticas da Rare. Ele participou diretamente da criação de clássicos como Donkey Kong Country, Viva Piñata, Battletoads e Banjo-Kazooie, além de liderar a visão por trás de Sea of Thieves, atualmente o principal título do estúdio.
Após a Rare ser adquirida pela Microsoft em 2002, Mayles continuou como um dos principais responsáveis por manter a essência criativa do estúdio britânico. Sua saída representa não apenas a conclusão de um ciclo, mas também um sinal claro de que a Rare passa por uma mudança de identidade — agora cada vez mais moldada pelas diretrizes corporativas da divisão Xbox.

Louise O’Connor também se despede
Outra perda significativa é a de Louise O’Connor, que trabalhava na Rare desde o fim da década de 1990. Ela começou sua carreira como animadora em Conker’s Bad Fur Day e, ao longo dos anos, assumiu diferentes funções de liderança em produção e narrativa. Recentemente, ela atuava como produtora de Everwild, acompanhando o projeto desde seus estágios iniciais.
A dupla fazia parte de uma geração que construiu a reputação da Rare como uma das desenvolvedoras mais criativas e excêntricas da indústria. Sua saída simboliza o fim da “velha guarda” do estúdio.
Everwild: cancelamento encerra um capítulo conturbado
Anunciado oficialmente em 2019, Everwild prometia ser uma nova IP da Rare com foco em conexão com a natureza e gameplay colaborativo. No entanto, o jogo sofreu uma reinicialização completa em 2021 e, desde então, havia poucas atualizações concretas. Segundo relatos internos, a equipe nunca conseguiu definir com clareza o escopo do projeto, mesmo após a chegada de Mayles para tentar reestruturar sua direção criativa.
A confirmação do cancelamento veio com a recente reestruturação promovida pela Microsoft na divisão Xbox — que também resultou em fechamentos de estúdios, demissões em massa e cortes de projetos em andamento.
Rare em xeque: futuro incerto
Atualmente, a Rare mantém Sea of Thieves como seu único grande projeto ativo. Lançado em 2018, o jogo ainda possui uma comunidade engajada e recebe atualizações frequentes. No entanto, com a saída de dois dos seus principais veteranos e a ausência de projetos anunciados para o futuro, crescem as dúvidas sobre o posicionamento criativo e estratégico do estúdio.
A Microsoft, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre o futuro da Rare, tampouco sobre as saídas de Mayles e O’Connor. A expectativa é de que novos anúncios sobre reorganizações internas sejam feitos nas próximas semanas, à medida que a empresa lida com o impacto da maior reestruturação de sua história na área de games.
Fonte: VGC