Criador de Metal Gear reflete sobre carreira, legado e o jogo que melhor traduz sua visão autoral
Ao longo de décadas, Hideo Kojima construiu uma trajetória marcada por ousadia criativa, riscos calculados e obras que desafiaram o público muito além do entretenimento convencional. Agora, o criador de Metal Gear revelou qual jogo ele próprio considera seu verdadeiro trabalho-primo — uma escolha menos óbvia, mas profundamente coerente com sua visão artística.
Uma carreira moldada por identidade autoral
Com títulos como Metal Gear Solid, Metal Gear Solid 3: Snake Eater e Death Stranding, Kojima se consolidou como um dos raros desenvolvedores reconhecidos como autor. Seus jogos abordam temas como guerra, controle da informação, política, identidade e o impacto da tecnologia na sociedade moderna.
Dentro desse catálogo marcante, escolher uma obra definitiva nunca foi simples — e talvez por isso sua resposta carregue tanto peso simbólico.
O jogo que Kojima considera seu ápice criativo
Segundo o próprio Kojima, o título que melhor representa sua visão narrativa e conceitual é Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty. Para ele, foi nesse projeto que conseguiu expressar com mais clareza suas ideias sobre manipulação da informação, construção de narrativas artificiais, fake news e o controle invisível exercido por sistemas digitais.
No momento do lançamento, o jogo dividiu opiniões e enfrentou resistência de parte do público, especialmente por suas escolhas narrativas inesperadas.
Uma obra à frente de seu tempo
Kojima explica que Metal Gear Solid 2 foi concebido para provocar desconforto e reflexão. O jogo questiona o papel do jogador, subverte expectativas e antecipa debates que só ganhariam força anos depois, como a saturação informacional e a dificuldade de distinguir verdade e mentira no ambiente digital.
Com o passar do tempo, muitos desses conceitos passaram a ser reinterpretados como visionários.
Reconhecimento tardio, mas duradouro
Embora outros jogos da carreira de Kojima tenham alcançado maior aceitação imediata, ele reconhece que Metal Gear Solid 2 foi o projeto em que teve maior liberdade criativa, mesmo sabendo que isso poderia custar compreensão e popularidade no curto prazo.
Hoje, o jogo é amplamente citado como uma das obras mais ousadas e relevantes da história dos videogames.
Kojima como autor, não apenas desenvolvedor
A declaração reforça uma característica central de Kojima: ele se enxerga como um criador disposto a correr riscos narrativos para transmitir ideias, mesmo que isso divida opiniões. Esse espírito segue presente em seus projetos atuais, mantendo viva sua reputação como um dos nomes mais inquietos e autorais da indústria.
Fonte: GamesRadar
